Carnaval Virtual é destaque nas passarelas do país inteiro!

Dizem por aí que o sonho de todo sambista era que houvesse dois Carnavais por ano. E alguns apaixonados pelas escolas de samba conseguiram tornar essa aspiração realidade ao dividir seu trabalho entre o Real e o Virtual. Espalhados pelo Brasil afora, muitos admiradores do Carnaval ganharam, através dos primeiros passos nas passarelas cibernéticas, oportunidades em agremiações de diversos grupos de diferentes cidades e hoje consagram uma das grandes bandeiras do Carnaval Virtual: ser celeiro de talentos.

Diego Araújo é um exemplo. Presidente da GRESV Império do Progresso, chegou no Carnaval Virtual há 11 anos justamente pensando em viver a folia mais de uma vez por ano. Atuando como pesquisador de enredos, logo se tornou um dos primeiros a ter seu talento exportado das telinhas para as avenidas reais, onde passou por harmonia e departamento cultural antes de voltar à sua função original no Virtual, com passagens por Império da Tijuca e Em Cima da Hora, no Rio de Janeiro, e outras escolas de Brasília e Porto Alegre.

– Considero que toda experiência acumulada nessa pequena trajetória foi importante para contribuir com os trabalhos no Virtual, e também poder passar aos novatos diversas dicas e apontamentos de como produzir um trabalho legal na rede, e se for de desejo deles, no real também. Por isso, acredito que esse novo momento do Carnaval Virtual será extremamente produtivo. Apontamos para a brincadeira, para a produção de arte, e principalmente, para a criação de carnaval. O Virtual nos permite sonhar, apostar em ideias que não têm restrições ou imposições em qualquer campo, podemos criar aquilo que acreditamos ser o melhor – avalia.

Foi no Carnaval Virtual que Marcelo Santos, presidente da GRESV Recanto do Beija-Flor, viu que fazer um desfile é coisa séria. Desde 2008 na escola, ele conta que aprendeu muito sobre organização para, dois anos depois, se aventurar no Departamento de Harmonia da X9 Paulistana. Hoje, já expandiu seus horizontes e cita uma “simbiose” entre os dois universos do Carnaval.

– Ao associar isso aos estudos de teatro, passei a atuar na coordenação cênica e coreográfica de setores do desfile, com passagens pela Rosas de Ouro e Vila Maria. Atualmente, faço a via inversa; uso o aprendizado do Carnaval real para gerir a Recanto do Beija Flor de modo mais profissional e continuo na coordenação cênica, como coreógrafo de alas e alegorias da X9 Paulistana. Desde sempre vejo a simbiose entre o real e o virtual. Conheci pessoas do real através do Virtual e vice-versa. São partes interligadas de um único mundo, o Carnaval.

Sem depender das restrições que um desfile real impõe, desde condições financeiras até disponibilidade de materiais, o Carnaval Virtual dá a seus profissionais a possibilidade de uma maior ousadia. Por isso, Welington Kimerliene, o Imperial, presidente da Imperiais do Samba, considera as passarelas cibernéticas grandes laboratórios, inclusive por conta dos critérios de julgamento diferenciados.

– Aqui testei muitas ideias de samba e de enredo. Todavia, o que dá o tempero especial a isso tudo é a possibilidade de ser criar um carnaval do jeito que se quer. Brincar de fazer carnaval. São sonhos de meninos que vão se virtualizando – relata.

Entre os artistas do espetáculo Virtual também estão os intérpretes, que precisam soltar a voz como se estivessem a cruzar a passarela. Com tal nível de exigência, jovens que almejam um lugar no carro de som das escolas reais têm a chance de mostrar talento. No caso de Thiago Acácio, as duas oportunidades vieram simultaneamente, em 2010, quando estreou na Estrelinha da Mocidade, do Grupo Mirim do Rio de Janeiro, e na GRESV Acadêmicos da Zona Oeste. E mantém-se nos dois mundos até hoje, conduzindo o microfone da Unidos de Lucas, do Grupo B carioca.

– Fazer parte de escolas virtuais sempre foi, para mim, uma forma de viver o mundo do samba o ano inteiro e também de divulgar o meu trabalho, afinal, algumas das oportunidades de trabalho que já surgiram para mim tiveram como origem o carnaval virtual.

E no Carnaval Virtual há aqueles que só querem mostrar que fazem samba também. É o caso de Victor Raphael, presidente da Acadêmicos do Setor 1, que considera ter criado um estilo e a coragem necessária para suas composições justamente ao usar o Carnaval Virtual como um laboratório. A fórmula parece fazer sucesso, uma vez que ele detém três prêmios Esplendor do Samba, do Carnaval de Corumbá, no Mato Grosso do Sul.

– O Carnaval Virtual me proporcionou a oportunidade de fazer uma espécie de laboratório sobre uma das minhas maiores vontades que era compor no carnaval real. Através da observação de grandes compositores consegui criar um estilo e sobretudo coragem para entrar nas disputas. Além disso, me enveredei por outros caminhos do carnaval: fui enredista, diretor de harmonia, também conquistando o Esplendor nesse quesito em 2015. Agora como vice-presidente de escola de samba, pretendo continuar a usar o carnaval virtual – projeta Victor.

Author: Carnaval Virtual

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