Conheça o enredo da Escola Virtual da Amazônia para o Carnaval 2018

ESCOLA VIRTUAL DA AMAZÔNIA
VOLTEI, PERNAMBUCO!

“Nas asas de um passarinho
Sobrevoei a cidade
Eu te via tu fugias
Como se fora miragem
Bem te vi no Varadouro
Na ribeira, no mercado
No bloco da flor da lira
Nos carnavais do passado”
(Alçeu Valença / Don Tronxo)

A saudade me trouxe de volta àquele se sempre esteve dentro de mim: Pernambuco, viajando pelas canções cantadas por Alceu Valença. Chego pelo céu, voando num carrossel fantástico. Vejo Recife e Olinda com suas pontes e ladeiras e me lembro de muitos carnavais vividos por suas ruas e praças. De volta ao meu lugar, minha sede é reencontrar o meu carnaval, me encantar novamente, me deixar levar pelo baque dos maracatus e me embriagar na efervescência do frevo.

“Salve a Nação Elefante
Estrela Brilhante
Piaba de Ouro
Maracatu Dona Santa
De onde é que ele é?
Quem sabe é o som de Luanda
No bairro de São José…”
(Alceu Valença)

Chego no Marco-Zero, em Recife, na sexta-feira de carnaval para a abertura oficial da festa com show reunindo diversos Maracatus no qual a chave é entregue ao Rei Momo. Os maracatus nação fazem seus cortejos reais pelas ruas, louvando a herança africana, celebrando os ancestrais e mantendo viva a memória de suas célebres personalidades. As calungas levadas pelas damas do paço representam os antigos ancestrais e simbolizam o axé do grupo. Diante de mim, passa a realeza negra pernambucana, reis e rainhas vestidos com luxo e elegância.

De onde vem esse som? De onde vem essa dança? Meu coração tambor me diz que vem da África. O sagrado batuque dita o ritmo da cerimônia, carregada de significados religiosos vinculados aos xangôs e juremas. Marco presença no ritual da Noite dos Tambores Silenciosos no Pátio do Terço, no qual são entoados cânticos aos orixás e aos eguns (espíritos dos ancestrais).

Um misto de teatro e dança, vejo maracatus de baque solto vindos de diversas cidades da Zona da Mata e Região Metropolitana trazendo ligeireza, vitalidade e a força dos canaviais. Continuo a me encantar com o colorido sonoro, com o deslumbrante visual e sua circularidade. Brilham lantejoulas, balançam fitas coloridas diante dos meus olhos.

Como o mestre manda, são entoadas as toadas improvisadas. Caboclos de lança exibem com violência sua dança, com orgulho seus figurinos exuberantes e com habilidade seus chocalhos. Têm também caboclos de pena e baianas, tudo em companhia do rei e da rainha.

Bloco das Flores, Andaluzas, Cartomantes
Camponeses, Apôis Fum e o Bloco Um Dia Só
Os Corações Futuristas, Bobos em Folia
Pirilampos de Tejipió
A Flor da Magnólia
Lira do Charmion, Sem Rival
Jacarandá, a Madeira da Fé
Crisântemos Se Tem Bote e
Um Dia de Carnaval
(Edgard Moraes)

Com os Blocos de Pau e Corda, também conhecidos como Blocos líricos, mergulho no romantismo e no lirismo, evocando a antigos carnavais e as belezas das terras pernambucanas. Sua orquestração é suave e no canto destaca-se o coral feminino, assim como os pastoris. A moça com flabelo na mão no Bloco da Saudade parece ter saído dos antigos carnavais da minha memória.

“Lá vem lá vem o bloco
Cadê o bloco já passou
Lá vem lá vem o bloco
Cadê o bloco já passou
É um bloco veloz feito um raio
Chamado Sou Eu Teu Amor
Viu, por onde ele passa
Sacode alegria a vapor
Limão com cachaça
E a onda do frevo esquentou”
(Alceu Valença/ Carlos Fernando)

Estandartes no ar! Em uma delirante euforia, brinco o carnaval com os Clubes de Frevo, Troças e Clubes de Boneco! Deixo-me ser embalado pelas marchas vibrantes, pelo som dos metais e pelo vigor dos passos. Tesouras, parafusos, martelos, dobradiças e sombrinhas nas mãos. Lenhadores, Vassourinhas, Bola de Ouro, Segura a Coisa que eu chego já, Homem da Meia-Noite, Pitombeira dos Quatro Cantos. É o fervo! Chaleira fervendo! Carvão queimado, raio que rompe vidraça! No meio da multidão me acabo no Galo da Madrugada, o gigante de Recife, o maior bloco do mundo!

Rafael Gonçalves

 

Author: Netto

Share This Post On