Conheça o enredo do GRESV Curral das Éguas para sua estreia no Carnaval Virtual

Arapaima-Gigas De Índio Revolto a Bacalhau da Amazônia

Autor do enredo: Caio Cidrini
Autores da sinopse: Caio Cidrini e Charlles Mendes

O peixe mais incrível
Que nestas águas já se viu
Gigante por natureza
Mora nos lagos e nos rios
A calmaria lhe agrada
Não gosta de correntezas
Tem cauda vermelha e armadura
É o guerreiro das profundezas
Diz a lenda que era revolto
Índio perverso sem pudor
De tanto fazer maldades
Deus Tupã o castigou
Criatura incomparável
Maravilha de nosso rincão
Cobiçado pelos homens
Corre risco de extinção
Mas no coração da floresta
Há esperança, há comoção
Pelas colônias de pesca
Tem manejo e reprodução
Orgulho castigado pelos deuses
Pindorô era um homem de coração caridoso. Era também chefe da tribo dos Uaiás que viviam nas planícies amazônicas à margem do Içá. No entanto, seu filho Pirarucu não herdou os bons modos apesar dos ensinamentos do pai. O índio era vaidoso, orgulhoso e perverso, envergonhando Pindorô.

Pirarucu aproveitava as vantagens de ser filho do cacique. Quando seu benevolente pai precisava se ausentar, o índio se revelava. Ele castigava e maltratava pessoas da própria aldeia por simples diversão. Porém, Pirarucu não sabia que estava sendo observado.

Tupã sentia-se insultado pelo comportamento do índio revolto. Cansado das maldades e de Pirarucu, a divindade resolveu assustá-lo. Ele ordenou que Polo, deus do vento, espalhasse pela floresta seus mais poderosos raios e ventanias. Enquanto a floresta tremia com o poder de Polo, o deus dos deuses também mandou Iururaruaçu, divindade das torrentes, enviar tempestade sobre a pescaria de Pirarucu.

Nem o fogo que ardia nas árvores por causa dos raios ou as ondas furiosas que se quebravam contra a canoa do índio fizeram com que ele fosse humilde. Pirarucu gargalhou enquanto fugia pela mata. Assim, Tupã ficou ainda mais furioso.

O deus dos deuses decidiu puni-lo de vez enviando Xandoré, o deus da ira e do ódio, para perseguir Pirarucu. Ele atingiu o coração do índio perverso com um relâmpago fulminante. Mesmo sofrendo não houve pedido de perdão. Seu corpo ferido e sem forças foi arrastado pela água da chuva até a profundeza do rio, onde Tupã o transformou em peixe.

Maravilhosa criatura

O pirarucu é encontrado nos rios e lagos da Bacia Amazônica. Ele escolhe especialmente as águas calmas de suas várzeas. Seu nome vem da junção de dois termos do tupi: pirá, que é peixe, e urucum, que é vermelho, a coloração de sua cauda. Ele é o maior peixe de água doce da América do Sul. Um pirarucu pode chegar a 3 metros de comprimento e pesar mais de 250 quilos.

A cabeça do pirarucu é achatada e ossificada, com um corpo alongado e escamoso. Para resistir às implacáveis piranhas, ele é dotado de um colete composto que ao mesmo tempo é duro no exterior e flexível no interior. Sua anatomia é uma verdadeira armadura natural com vários níveis de defesa que fazem do Pirarucu o maior guerreiro das águas dos rios da Amazônia.

Preservação e riqueza no coração da floresta

As escamas duras como ferro protegem o pirarucu das piranhas. Contudo, elas são menos úteis contra o mais temido de todos os seres: o humano. Devido à intensa e descontrolada pesca feita na Amazônia a partir do século XIX para consumir sua carne, o gigante está ameaçado de extinção.

No entanto, iniciativas para a preservação vêm sendo criadas e postas em prática. Antes, a pesca acontecia ao logo do ano inteiro. A venda era realizada por cada família em pequenas quantidades para os regatões, comerciantes que percorrem os rios em barcos. No sistema de manejo sustentável, a pesca passou a ser em grupo e a venda realizada por meio de associações ou colônias de pescadores.

Além disso, a pesca passou a ser realizada apenas entre setembro e novembro. Isso respeita o ciclo reprodutivo do pirarucu e facilita a logística de captura e o controle dos órgãos de fiscalização. No restante do ano, as populações ribeirinhas se dedicam à agricultura familiar e à pecuária de pequeno porte.

O manejo sustentável do pirarucu é fundamental. Além de preservar a espécie, ele e contribui para a manutenção da cultura das colônias de pescadores ribeirinhos. Ainda fornece o pirarucu para as indústrias de salga de pescados no interior do Amazonas que exportam o bacalhau da Amazônia para o mundo todo gerando renda e emprego.

Setorização:

1º setor: Castigo na floresta

A abertura do desfile narra a lenda da transformação do índio revolto em peixe. O comportamento cruel de Pirarucu envergonha seu pai e enfurece Tupã. A divindade decide castigá-lo para que o índio nunca mais seja perverso e desrespeitoso.

2º setor: Uma maravilha da criação

O segundo setor enaltece a grandeza, a coloração típica dos guerreiros indígenas, a armadura de escamas e o habitat natural do pirarucu. Seu maior inimigo também é lembrado para exaltar as características únicas dessa criatura.

3º setor: Preservação, cultura e riqueza

O último setor celebra o manejo sustentável que preserva a espécie, a cultura dos ribeirinhos e gera riqueza e emprego no interior do Amazonas através da indústria da salga do pescado.

 

Author: Netto

Share This Post On