Conheça o enredo do GRESV Ferozes do Samba para o Carnaval 2018

FEROZES DO SAMBA
ARUANÃ

Com a proposta de renovar sua estética e manter a linha de enredos envolvendo misticismos e espiritualidade, o GRESV Ferozes do Samba, apresenta seu novo enredo para o carnaval virtual! Passará na avenida um dos mais antigos e conhecidos mitos indígenas: a saga de Aruanâ e a criação do povo Karajá. Segundo os habitantes do Xingu às margens do Rio Araguaia, Aruanã nasceu como um peixe, mas tornara-se humano após várias preces a Tupã. Sendo assim, após seu renascimento para a humanidade, Aruanã foi a base de toda a criação da tribo Karajá, tornando-se história, mito e lenda. E é nesse universo misterioso e indígena, que a Ferozes mergulha para realizar o seu próximo carnaval virtual.

 

Sinopse:

Anauê Karajá Inã!

Correm como num bailado de serpentes as Águas do Araguaia, numa viagem soberana pelas entre-florestas do Xingu. Águas de índio. Águas de lendas. Águas do implícito mistério da criação da tribo. Águas dos seres místicos, filhos de Tupã, que vivem, nadam e assombram o folclore: Águas de Aruanã.

“Oh Aruanã! Senhor dos cardumes. O filho desbravador do Senhor dos Céus. A criatura marinha sem medo de enfrentar o novo, o surreal. Nasceu um peixe, mas sonharas em debandar-se como homem. Aruá, oh Pai! Aruá! Vós que sois valente e guerreiro. Não se limitas a percorrer o curso do rio e repousar-se em lago. Quereis mais! Queries lutar! Quereis andar! Trocaste as escamas por leves pelos, nadadeiras por braços, e o cardume, por uma Nação. Aruá oh Pai! Aruá!”

Assim disse o Pajé dos Karajás, lembrando o velho conto da criação de seu povo aos jovens guerreiros. Contando-lhes a saga de Aruanã, o peixe que sonhara em transformar-se homem.

Vindo das profundas e misteriosas águas do Rio Araguaia, habitava o ser, que, mais tarde viria a se tornar um símbolo de uma nação. Peixe que vivia infeliz nas escuras águas do rio, e invejava Auá por usufruir da criação divina: Ibi-porã. Em seu desejo profundo Aruanã pleiteia caminhar junto aos Auás, sonha com a sua liberdade em viver para o mundo, e não limitar-se apenas a subir à margem do rio. Aracê! O Sol ilumina a floresta e recebe a prece:

“Oh Tupã, se a ti próprio te apraz, a felicidade de um pobre mortal, se propício a mim, fazei-me um ser humano e, se algum dia eu tenho que morrer, não me deixe nestas águas, tira-me delas.”

Tanto suplicou, que no sagrado monte Ibiapaba, Tupã, o Deus Supremo, concedeu-lhe seu desejo. Aruanã se viu materializado num gramado vívido, mas sem poder respirar o ar, debateu-se e adormeceu em óbito. Tupã, misericordioso soprou-lhe a vida e o fez renascer para o mundo. Aruanã agora se torna um belo e forte Auá.

Mística e sombria a transformação de um ser, Xamãs evocam seus ancestrais e tocam e dançam em roda num clamor de sabedoria espiritual que revela o broto, a semente de uma tribo. Aruanãauá vive entre os homens à beira do Araguaia, conquista a liderança, toma as rédeas de um povo e floresce como Cacique, Cacique de uma Nação. A Nação Karajá!

Anauê Karajá Inã!

Bate o pé no chão Inã! Canta em louvor ao ritual, bradam para Idjassô Hetô, Casa dos Homens, onde ocorre o rito de passagem dos novos guerreiros Karajás, o Hetohoky. Clamando aos espíritos fartura e boa vida, Auê Pajé! Auê índio sábio e curador das pragas, conduz o ritual para que as forças da floresta se manifestem junto a tribo, e principalmente junto aos homens, os únicos que guardam consigo o segredo do ritual durante milênios, segredo inrevelável às mulheres e crianças. Toda a magia ancestral de Aruanã guardada sob a luz das cintilantes estrelas, revelada aos homens, e protegida pela pajelança tribal.

“Senhor que conheceis o segredo das águas, senhor que detém o anseio da liberdade, aproximando-se de antigos guerreiros como sois vós. Oh Aruanã, nos cobriremos com vossas palhas sagradas ao ecoar dos maracás e das flautas sob o Deus Sol, rezando a ti por proteção e pela luz de nosso povo. Aruá!”

Anoitece na aldeia, a luz da Lua Cheia se reflete nas aguas do Araguia, debruçando em meio aos fiés índios do Xingu, coberto de palhas e folhas sagradas para saudar as forças da floresta, Parajás se reúnem na mata com oferendas e louvores ao espírito de Aruanã. Os Karajás se curvam à essência de seu pai criador num ato de fé, agradecendo sua existência e magnitude indígena. As forças naturais estão em harmonia por saber que o valente peixe do fundo do rio, renasceu para a humanidade sem temer as demandas e fundou a sua própria Nação. Aruá!

Anauê Karajá Inã!

 

* Glossário:

“Anauê Karajá Inã”: Saudação – Você é meu irmão, homem Karajá

“Xamã”: Líder espiritual

“Auá”: Homem

“Aruanãauá”: O homem Aruanã

“Hetohoky”: Um antigo ritual Karajá

“Idjassô Hetô”: Casa dos homens

“Auê”: Saudação indígena

“Parajás”: Índias guerreiras

“Aracê”: Raiou o dia

 

 

Author: Netto

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