Conheça o enredo do GRESV Império do Rio Belo para o Carnaval 2018

IMPÉRIO DO RIO BELO
LAROYÊ EXU

O Império do Rio Belo em sua caminhada pelo Carnaval Virtual experimentará novos ares. E para isso, pede licença e proteção para que seus caminhos em num novo desafio possam se abrir. Vamos apresentar um pouco daquele que está próximo de nós, porém não o vemos. Aquele que emana as vibrações, o fogo que arde sem ver, onde tudo começa. Não se começam pedidos sem antes pedir licença. Teremos a honra de falar daquele que é sempre citado, lembrado, mas não tem sua história aprofundada.

Laroyê exu!

Num caminho longínquo
Onde não se enxerga o início e nem o fim
Eu dito o ritmo da vida
Abra o portão, pois sou eu seu sentinela
E peça sempre licença antes de falar de mim
Sou eu quem começa, sou eu quem termina
Eu trago, eu levo
Abro porta, fecho porta
Posso ser “Seo” Tranca-rua, o dono da gira
O galo aqui já cantou pra minha escola passar
E se você não for passar que eu o faça!
Concebido por Olorum
Fui a primeira forma a ser criada, junto do ar e da água
O orun e o ayê, o espiritual e o material
O mensageiro de dois mundos
Guardião da sua cancela
Sentinela da fé

(segundo setor)

Sou bravo guerreiro
Irmão de Ogum e Oxóssi
E ao pisar na terra, com muita fome comi todas as comidas
Devorei os animais que nela havia e continuei pedindo
Comi plantas, minérios e minerais
E quando não havia mais o que comer
Devorei até minha própria mãe
Tornei-me Elegibo, senhor das oferendas
A boca do mundo
E desde então sou eu quem entrega tudo o que é oferecido aos orixás

(terceiro setor)

Sempre convidado e respeitado em todas as festas
Sou a energia travessa que adora um charme
Sou o calor da chama que arde sem cessar
Sem a mim nada começa, nada se encaminha e nada termina
Sou devasso, alegre, liberto
Aproximo-me da força natural
A força animal, a energia primordial
Protetor do comércio e dos espíritos revolucionários
Sou o senhor da transformação
Orientador de contradições, o estopim e a pólvora
A desordem e o silencio
Sou a esfera que equilibra o universo

(quarto setor)

E nessa caminhada ouvia-se uma gargalhada
Que parecia correr para todos os lados
No chacoalhar das grandes ondas
Que balançavam o tumbeiro
Ora aproximando, ora afastando
Esse gargalhar, meu caro
Não era de alegria
E ressoava estridente
Resistindo ao esquecimento imposto aos negros
Lá fui eu na Calunga Grande
Desbravando o seio de Iemanjá
Homens e mulheres, reis e rainhas
O coração dos negros foi acorrentado
A sete chaves, em meio às rosas vermelhas de sangue
Mergulhados na escuridão
Presenciei cada irmão nosso deixando o mundo dos vivos
A gargalhada forte estremecia, ecoava pelos corredores
Deixando loucos os capitães
E assim desembarquei em terras desconhecidas

(quinto setor)

Por aqui ando pelas ruas
Ocupo cabarés, cemitérios e encruzilhadas
Com meu jeito faceiro posso ser uma mulher sedutora
Decidida e malandra
Posso estar também vestido de capa ou terno
Munido de tridente e cartola
Sempre com meu “pito” e minha cachaça
Disfarçando-me para ser escudo de meus fiéis
Aceitando ser chamado de diabo
Sempre os guardando das coisas do mal
De um jeitinho que só eu sei
Assombrei senhores, reis, fidalgos
Pelas esquinas alimentei os negros
Suas dores aliviei
Riscando o chão, olhei a lua e girei

Gritei e gargalhei novamente
Desaparecendo em seguida
Sou o mensageiro do leva e traz
Sou a ordem, o que se multiplica
A vida, o Bará, a imagem do homem
Amigo de todos e inimigo também
Mas eu mesmo, não faço mal a ninguém

(sexto setor)

Protejo meus filhos
Esbravejo contra a violência, a intolerância
Não abro mão da vigilância dos meus
Contra quem somente me acusa pelas roupas que visto
Mas não enxerga a irmandade na energia
Clamo agora a todos aqueles filhos meus…
Oh, grande povo das ruas!
Mendigos, putas, malandros, boêmios
Aqueles oprimidos pelo mundo
Para que em cada esquina sejam de novo vistos
E vistam minha energia travessa

Sob o olhar da grande lua em busca de seu lugar ao sol
Em meu tridente não faço maldade
Em meu tridente faço justiça

Dando-lhe não o que você quer, mas o que você merece
Dependerá de cada um que cruzar o caminho
Afinal, nunca me chamaram de santo
Pois sou um deus e quase humano

E por fim te pergunto
O que seria do culto aos orixás
Sem Exu pra te guiar?
Mojubá!
Laroyê, Exu!

Author: Netto

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