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Círio de Nazaré

Quando vou à Ermida da Memória, na Vila da Nazaré, aqui em Portugal vejo os azulejos recordarem o milagre a Dom Fuas Roupinho. Fico a imaginar uma gigantesca catedral com um grande painel azul feito os mares navegados por Vasco da Grama que conte sobre a devoção à Virgem Santa em Belém do Pará. Pintados nas placas das paredes vejo os nativos e a natureza exuberante em que viviam, um magnífico santuário a céu aberto por onde passaram conquistadores e jesuítas, que levaram para as terras brasileiras a fé em Nossa Senhora de Nazaré.

A Ermida da Memória conta que Dom Fuas Roupinho, um nobre guerreiro português de muitos séculos atrás, caçava próximo ao litoral. Perseguia um veado ao deparar-se com a beira de um penhasco de onde o animal despencou. Ao dar-se conta que estava por acidente entre a vida e a morte, o fidalgo invocou à Virgem e então o seu cavalo, tomado por um sopro divino, fincou as patas traseiras no rochedo, elevou as dianteiras e reverteu o fim eminente da história, salvando-o de cair no oceano.

Em uma lapa neste local havia a imagem da santa fora talhada em madeira por São José, na presença da Virgem Maria e do Cristo Menino, e pintada por São Lucas. Dom Fuas mandou construir a Ermida da Memória sobre a lapa, em agradecimento ao milagre da sua salvação, onde a imagem ficou exposta para a adoração dos fiéis. Hoje a sagrada imagem está na Capela-Mor do Santuário de Nossa Senhora de Nazaré.

A fé na Virgem Santa é muito forte nas terras portuguesas e há grandes círios e festas em sua devoção. Tão belo é imaginar que essa mesma fé também movimenta em romaria fiéis todos os anos em Belém que recordam o milagre a Plácido, o simples caboclo que, um dia, encontrou a imagem de Nossa Senhora de Nazaré à beira de um igarapé na mata.

Embora ele levasse a imagem para casa, ela sempre reaparecia no local onde fora encontrada. Atendendo à vontade da santa, Plácido mandou construir uma humilde ermida no local onde a imagem foi encontrada para abriga-la. A grande procissão revive as fugas da santa em um belo andor decorado que leva a imagem peregrina, da Catedral da Sé à Praça do Santuário, em frente à Basílica de Nazaré, ligada aos promesseiros por uma corda.

As ruas e casas decoradas, as alegorias, as crianças, os autos, as tradições populares e as demonstrações de fé com certeza formam um belo e comovente cenário. A cidade para e todos querem fazer pedidos, orações e agradecimentos à santa. A marujada lembra que Nossa Senhora de Nazaré é a protetora daqueles que viajam pelos mares.

Mesas fartas com aromas e sabores regionais nas casas unem os familiares em homenagem à santa! Tem o Arrastão do Boi Pavulagem e muito brinquedo de miriti. Em um belo arraial na praça, muita comida, música e um parque de diversões.

Oh Virgem Santa de Nazaré, olhai por nós, portugueses e brasileiros, que somos unidos pela nossa fé em vós!

Rafael Gonçalves, carnavalesco
Este enredo é uma homenagem aos 400 de Belém feita por um jovem que sonha em conhecê-la.

Bibliografia
2006. Círio de Nazaré. Rio de Janeiro : Iphan, 2006. Dossiê Iphan.
Dubios, Padre Afonso. 1953. A Devoção à Virgem de Nazaré em Belém do Pará. 2ª. Belém : s.n., 1953.
Ermida da Memória. Câmara Municipal da Nazaré. [Online] [Citado em: 6 de Janeiro de 2016.] http://www.cm-nazare.pt/pt/ermida-da-memoria.
Pesquisa geral. DGPC. [Online] [Citado em: 6 de Janeiro de 2016.] http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/73957.

Author: Netto

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