EVA apresenta sua sinopse para 2017

A Escola Virtual da Amazônia também já tem sua sinopse para 2017. Cantando o principal mito do nordeste brasileiro, a EVA apresenta “As Muitas Voltas de Lampião”, de autoria de Rafael Gonçalves. Confira a sinopse.

 

AS MUITAS VOLTAS DE LAMPIÃO

EVA-Logo2017

 

Vamos contar a história de um cabra valente, acender seu nome no pavio de um Lampião, igual ao clarão que saía do fogo da sua arma. E surge, de novo, nas terras do sertão, Virgulino Ferreira, bicho feroz, com sua cara feia que matava todo mundo, de chapéu de couro enfeitado de estrelas e moedas reluzentes, gibão, bornais, cartucheiras, carabina, punhal e alpercatas pisando o chão seco, acompanhado de Maria Bonita, seu grande amor.

Nesta terra de coronéis e vaqueiros Lampião fez sua lei, tirando sangue dos inimigos como se tira sangue do gado. Em sua vida de bandoleiro, sempre diante do perigo, confiava sua proteção aos santos, patuás, amuletos, rezas fortes e simpatias, tornando-se assim invencível. Temido ou respeitado, Lampião consolidou seu reinado em vários estados do Nordeste brasileiro.

Pensaram que esta história tinha acabado quando a Força Volante do tenente João Bezerra, em 1938, na grota de Angico, matou o chefe dos cangaceiros, com a ajuda de um coiteiro traidor que revelou o esconderijo do bando.

Uma vez morto, Lampião foi bater no portal do inferno. O diabo, conhecedor da fama do cangaceiro, ficou intimidado com a sua chegada, impediu sua entrada e convocou um exército de demônios pra combater o chefe e seu bando. Muitos demônios foram mortos, o mercado local foi incendiado e Lampião deixou as profundezas do inferno causando um enorme prejuízo e botando medo até no diabo.

Depois, foi recebido por São Pedro no Céu para ser julgado por Jesus Cristo. Tendo Ferrabrás, enviado pelo diabo, como promotor, e a Virgem Maria, de quem Lampião era devoto, como defensora, o cabra foi sentenciado a ir para o purgatório para se redimir de seus pecados.

Impedido, assim, de ficar no inferno e no céu, Lampião voltou para o sertão em formas inusitadas: escrevendo seu nome de herói popular nas diversas histórias de folheto de cordel que falam do seu caráter justiceiro e vingador; dançando xaxado, o ritmo preferido dos cangaceiros, em festas arretadas animadas pelos grupos de tradições nordestinas. Virou até compositor, quando a canção “Mulher Rendeira”, se tornou um grande sucesso da canção popular. Juntamente com Maria Bonita, seu grande amor, Lampião ganhou forma de boneco de barro nas mãos de Mestre Vitalino, grande artista popular do Sertão. Enfim, não há feira, nem festa, nem São João que o rei do cangaço não esteja presente.

Lampião voltou também na voz de outro rei, o do baião, que de chapéu de couro e tocando sanfona cantou as coisas do sertão. O vaidoso cangaceiro entrou até no mundo da moda com as sandálias e os outros artigos de couro feitos pelas mãos de Espedito Seleiro. Também iluminou as telas dos cinemas, representando com glória o cinema nacional em “O Cangaceiro”, de Lima Barreto, e em “Deus e o diabo na terra do sol”, de Gláuber Rocha. Já no picadeiro armado do filme de Alceu Valença, Lampião vê através da “Luneta do Tempo” todas essas suas representações e, como homem orgulhoso e exibido que é, fica satisfeito e se dá conta das suas muitas e variadas voltas.

Rafael Gonçalves

 

JUSTIFICATIVA

O tema deste enredo é o mito Lampiônico, entendendo a literatura de cordel como principal meio de construção desse mito. Desde o século XIX, ela já se destacava como sendo praticamente o exclusivo meio de divulgar notícias e contar histórias no sertão, narrando sempre de forma gloriosa os feitos e as aventuras dos cangaceiros. Portanto, é importante que o cordel estruture o nosso enredo.

Com isso, há nele uma apropriação de dois cordéis específicos: um contando a passagem de Lampião pelo inferno, de José Pacheco, e outro contando a sua passagem pelo céu, de Rodolfo Coelho. Ambos tomam como tema a imagem ambivalente, já conhecida de Lampião, e que foi reforçada depois da sua morte.

Contudo, o cordel não é a única manifestação artística abordada. Destacamos a importância e a presença de Lampião na cultura e nas artes nordestinas como uma forma de continuidade de existência. Se, no cordel, Lampião não encontra lugar nem no céu nem no inferno, no nosso enredo, ele volta à vida nas múltiplas influências que exerce nas artes populares.

Além disso, constatamos, para muito além do sertão nordestino, a projeção nacional e internacional de Lampião. Inspirando-nos no filme “A luneta do tempo”, de Alceu Valença, onde Lampião vê através de uma luneta uma representação circense, imaginamos que ele também possa ver as suas muitas voltas: no cordel, no artesanato, na música, no cinema, e enfim, no enredo da Escola Virtual da Amazônia para o carnaval virtual de 2017.

 

 

REGRAS DO CONCURSO DE SAMBA ENREDO:

– O prazo para recebimento se expira no dia 15 de Abril de 2017 (Domingo) às 23h59.
– Os sambas podem ser feitos solo ou em parceria e podem ser enviados quantos sambas quiserem;
– O áudio do samba deve ser enviado em qualquer arquivo de áudio, de preferência WMA ou MP3. O acompanhamento musical fica a critério do(s) compositor(es);
– As obras devem ser enviadas para o email: ndsouza91@gmail.com

Author: Carnaval Virtual

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