GRESV Império do Rio Belo lança sinopse para o Carnaval Virtual 2016

Nem mesmo grandes nomes do mundo artístico têm sua criatividade aflorada sempre. E aconteceu também com Cândido Portinari, que em seu estúdio de pintura não sabia o que iria retratar. Queria algo que aspirasse brasilidade, essência. Colocou as tintas em sua frente, brincou com os pincéis esperando que alguma idéia o visitasse. Olhou pela janela e viu um grande cafezal e começou a mergulhar em suas memórias…

“Vim da terra vermelha e do cafezal
As almas penadas, os brejos e as matas virgens
Acompanham-me como o espantalho,
Que é o meu autorretrato
Todas as coisas frágeis e pobres
Se parecem comigo”

Com os olhos refletindo o cafezal, Portinari decide imortalizar em uma tela a história do povo que cultivou, plantou e colheu o café. Assim, emoldurado na tela da história do Brasil e imortalizado nos traços de Portinari, o Império do Rio Belo apresenta:

“No ar, o aroma de café. Na tela, o retrato de um povo!”

Ao iniciar o desenho, o pintor lembrou-se daqueles primeiros que embarcaram na rota do café e que foram trazidos por navios negreiros vindos de vários países da África, iniciando assim o cultivo e nossa história. Ah, o café! Desbravou terras por esse Brasil e se enraizou mais fortemente no Rio de Janeiro e em São Paulo abrigando o luxo, a riqueza e os mimos imperiais cujos barões do café se enriqueciam nas custas do Império do café que se instaurara. Aquarelando por entre os ramos o artista foi além, avançando nos trilhos do trem que seguiu a todo vapor rumo à república, em Minas Gerais, firmando o companheirismo que governou nosso país e até hoje está presente na mesa do brasileiro – Café com leite. A industrialização já dava sinais de que iria florescer ocasionada pelo grande valor de mercado que passou a ter o grão.

Pedindo espaço por entre a imensidão verde, Portinari vê os trabalhadores que se aproximam. Um povo de fibra, sempre firme no trabalho diário: gente que derrama seu suor em sua lida diária, pés descalços, mãos repletas de calos, fisionomia cansada. Já ficaram à sombra de feitores que lhes vigiam e maltratam, humilhando-os dia a dia. Na senzala, as mazelas eram choradas, onde feitores e capitães do mato eram praguejados e lamentos eram ignorados. Fora dela, a Abolição da Escravatura, assinada pela Princesa Isabel, só fez com que o café mudasse de mão. Filho de imigrantes seduzidos por propagandas ilusórias de terras e emprego, Portinari retratou não só estrangeiros, mas também retirantes nordestinos que também auxiliaram na formação de vilarejos, cidades e na miscigenação.

O café não ajudou só na política ou na miscigenação não. Cai à tarde no estúdio, o corpo adormece. Um pouco de pó de café acaba caindo à tinta em um momento de “distração”, mas o grande artista, que é Cândido, resolve então dar os últimos toques na tela com café tingido. Toques com a esperança que cresce diante de um sonho: Que num novo alvorecer igualdade e liberdade um dia todos pudessem ter. Portinari então assina a tela e lhe dá o nome de Café do Povo, obra essa que retrata e a importância do café no desenvolvimento do país.

Author: Netto

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