Muito além da Passarela do Samba, o Carnaval Virtual na mídia!

Nosso presidente Gustavo Martins concedeu uma entrevista ao site de carnaval CARNARIO, onde ele fala da importância e relevância do Carnaval Virtual como instrumento de celeiro de artistas para o Carnaval Real. Gostariamos de agradecer ao CARNARIO pelo respeito, carinho e profissionalismo na matéria publicada. Confira a matéria na íntegra.

A paixão pelo Carnaval fez com que um grupo de amigos, inconformados por ter de esperar um ano pelos desfiles, a criar os desfiles virtuais. Com o passar dos anos, algumas dissidências e problemas internos fizeram com que a festa, que sobrevive até hoje, fosse dividido entre a Liga Independente das Escolas de Samba Virtuais (Liesv) e o Carnaval Virtual. Brigas a parte, as duas entidades acreditam que os desfiles fortalecem o Carnaval real, preparando jovens talentos para os barracões de escolas de samba.

O presidente do Carnaval Virtual, Gustavo Martins, é um dos que aposta nos desfiles online como um mercado em franca expansão para o futuro do Carnaval real. Para ele, esses jovens que se uniram para manter o Carnaval durante todo o ano, acabaram permitindo o aprimoramento de profissionais e a acessibilidade de jovens de todos os pontos do mundo ao mundo dos desfiles. Em entrevista exclusiva para o CARNARIO, ele explica as expectativas dos organizadores.
CARNARIO – De onde surgiu a ideia de se criar essa liga de Carnaval Virtual?
 
Gustavo MartinsO Carnaval Virtual surgiu como ideia original em 2003, através do Miguel Paul. Em síntese são os desfiles das escolas de samba, com todas as suas características possíveis, num ambiente virtual – ou seja, um desfile de carnaval pelo computador. São aficionados (ou, como citado, apaixonados) pelos desfiles que – não satisfeitos em aguardar ano após ano a sua realização real, resolveram “fazer carnaval” no meio do ano.
Depois destes 15 anos percorridos e fazendo uma reflexão entre nós, membros do projeto, vimos que estávamos alcançando patamares de desenvolvimento e alcance de mercado muito grande. Era necessário uma melhor organização, planejamento e uma visão estratégica daquilo que executamos. Não chamamos o Carnaval Virtual de Liga. Apesar de termos uma corrente de pessoas em prol de um projeto, uma reunião, gostamos de chamar de uma marca.
É preciso levar o Carnaval Virtual como figura de formação profissional para as escolas de samba do país inteiro. Essa é a marca que queremos afirmar. Entendemos não ser mais possível ignora-la como uma ferramente de revelação.
CARNARIO – Quais os desafios para a criação de uma escola de samba virtual?
 
Gustavo MartinsAssim como no carnaval real há um Estatuto a ser respeitado pelos membros pertencentes ao Carnaval Virtual, além de um Regulamento anual para realização dos desfiles. Logo, cumprir estes detalhes “burocráticos” é a primeira missão de alguém que queria ingressar no Carnaval Virtual. Quanto a criação de uma agremiação, são três as figuras essências: um presidente, carnavalesco e intérprete. Tendo estas três figuras que, sim, podem ser a mesma pessoa, o desembaraço de uma escola de samba virtual é totalmente possível. Há escolas que ingressam outros membros de necessidade, como: Diretor de Carnaval, Diretor Musical e, até mesmo, Assessoria de Imprensa. Tudo em caráter colaborativo e aprimoramento (no caso da Assessoria de Imprensa, feito por um estudante do curso de Jornalismo). O aprendizado é constante e natural, advindo que toda parte criativa, de projeto, se assemelha demais aos barracões da folia real.
É escolhido um tema de enredo, escrito sua sinopse embasado em conteúdo amplamente estudado, discutido e formulado pelos membros da agremiação. Há abertura das Eliminatórias de Sambas (ou a sua encomenda), concomitantemente, o carnavalesco rabisca suas alas, carros e organiza a ideia de desfile… Enfim, tudo muito similar. A grande diferenciação entre o virtual e o real fica na parte de execução daquele projeto, ou seja, o barracão em si, a reprodução.
CARNARIO – No Carnaval real um dos grandes problemas é a verba para a produção de alegorias e fantasias. Qual o grande problema nas escolas virtuais?
Gustavo MartinsPerfeito. Inclusive, por não haver esse limitador financeiro os projetos do Carnaval Virtual são mais livres, ou seja, como não precisa pensar na execução artística, é possível propor diversas situações que poderiam ser cortadas de um projeto da folia real. Como fica tudo no papel, na ideia, tudo é possível dentro de uma lógica de desfile. 
Não consigo pontuar de imediato um grande problema para as escolas virtuais. Entendo que dentro da organização, planejamento e cronograma de cada escola, há problemas específicos a serem resolvidos por cada uma delas. O que é fato: todos os membros possuem suas ocupações no dia-a-dia, logo, desejando seguir na carreira carnavalesca, há de conciliar o tempo para conseguir realizar o desfile virtual na tela do computador. É um ofício que exige dedicação.
CARNARIO – Você acredita que as escolas virtuais são um celeiro de bons profissionais?
 
Gustavo MartinsNão só acredito, como tenho convicção do viés revelador que já somos no carnaval. Temos dados em nosso cadastro que confirmam isso. Quase 90% dos barracões da Cidade do Samba (Rio de Janeiro) e da Fábrica do Samba (São Paulo) já tiveram a contribuição de membros do Carnaval Virtual. Hoje, temos presença massiva em todas as pontas de uma escola de samba, seja na parte criativa, de organização ou composição de sambas-enredo. Ignorar o Carnaval Virtual como figura de revelação é sair atrás na busca do profissional do futuro. É uma garantia! Veja, há cursos, oficinas e palestras diversas no âmbito carnavalesco, porém, nenhuma exige do participante o nível de participação e pluralização do conhecimento como o Carnaval Virtual. Batemos nessa tecla, excluindo a etapa da execução, não há nenhuma ferramenta que trabalha um profissional para o mercado do carnaval como o Carnaval Virtual.
CARNARIO – Em escolas da Liesa (Grupo Especial), da Lierj (Série A) e da Liesb (Séries B a E) existem profissionais, principalmente carnavalescos, que começaram sua vida nas ligas virtuais. O que leva esses jovens a investirem na Folia Virtual?
 
Gustavo MartinsTemos dados registrados: 62% das pessoas que ingressam no Carnaval Virtual já viveram alguma experiência participativa no carnaval real. Há uma leitura dos entrantes que o Carnaval Virtual é uma ótima ferramenta para Criação de Portfólio, Desenvolvimento Profissional e um Facilitador para Ingresso no carnaval real. São dados de cadastro, informados pelos próprios participantes.
Ou seja, enxergam na marca, um amplificador de seus talentos, mesmo quando advindo de experiência prática anterior. Ademais, há a percepção da realidade. É publico e notório o avanço dos talentos do Carnaval Virtual pelos barracões espalhados no Brasil inteiro. Tentamos preparar e expor os bons artistas que não possuem qualquer espaço para demonstrar o seu trabalho.
CARNARIO – Você acredita que há olheiros das escolas para aproveitar os profissionais?
 
Gustavo MartinsHá uma observação dos carnavalescos. O artista costuma estar a frente de seu tempo e, mesmo não sendo algo comentado, eles tem essa sensibilidade de percepção. Há casos de membros que foram contratados após exibirem seus desfiles e/ou apresentarem seu portfólio. Sobre as direções das agremiações reais, não creio que haja ainda. Porém, aquelas que observarem com mais zelo, terão uma possibilidade muito grande de acerto futuro. Os artistas que saíram do Carnaval Virtual estão aí confirmando isso.
CARNARIO – O que você acredita que torna o Carnaval Virtual atraente para os internautas?
 
Gustavo Martins Esta é a resposta de ouro! É uma pergunta que fazemos constantemente para valorizarmos nosso produto enquanto atratividade: “O que podemos fazer para tornar nossos desfiles ainda mais atraentes?”. Buscamos sempre o dinamismo e interatividade que o meio nos exige, é um exercício rotineiro.
 
CARNARIO – Como tornar esse espetáculo cada vez mais próximo da população? Você acredita que há um trabalho de popularização do Carnaval Virtual?
 
Gustavo Martins – Não creio que este seja nosso foco atualmente. Precisamos caminhar firmes, com metas em curto prazo, para quem sabe, o produto se tornar expansível como a pergunta propõe. Nossa meta hoje é tornar o Carnaval Virtual a principal ferramenta de formação para as escolas de samba. Queremos ser reconhecidos como um projeto de formação de talentos e não como um produto concorrencial.
CARNARIO – Como a marca sobrevive financeiramente durante o ano?
 
Gustavo MartinsO Carnaval Virtual vive de apoio de empresas e colaborações diversas. Temos a Elevential (Tecnologia), o portal SRZD (Conteúdo), os produtores Léo Astral, Cesinha e Leonardo Bessa, como grandes parceiros. Todo apoio é bem-vindo! O projeto é altamente colaborativo e participativo, logo, as iniciativas e boas ideias são muito bem aceitas, somos dispostos a ouvir. Precisamos mesmo desta proatividade.
CARNARIO – Como são as premiações? Como incentivar a criação de novas escolas de samba?
 
Gustavo Martins O Carnaval Virtual não remunera ou obriga o custeio em nenhum tipo de atividade. Tudo em nossa marca é gratuito e sem o vinculo financeiro. Não há valores envolvidos. Buscamos exclusivamente propor a visibilidade dos talentos ou, se o caso for, o hobby para nossos participantes. Somos uma ferramenta de formação! Claro, há a competição e fazemos de maneira saudável e altamente competitiva. Assim, fortalecendo a competição, oferecemos um troféu aos campeões do Grupo Especial e do Grupo de Acesso.
Quanto ao incentivo é uma atitude individual. Não temos o intuito de pluralizar o projeto com sua popularização sem uma linha racional, de interesse, metódica. É claro que não há rejeição a nenhum ingressante, todos são bem-vindos, porém, é uma atitude que deve partir do novo membro e da nova escola: o criar algo, o fortalecer ideias, construir portfólio, melhorar linguagem textual… Qualquer que seja a possibilidade artística (ou não) que a ferramenta possa oferecer ao individuo que desejar se experimentar na função, o Carnaval Virtual fará de tudo para ajudá-lo a atingir o objetivo. 

Author: Netto

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