Rosa Vermelha divulga sinopse para o Carnaval Virtual 2016

Rosa – Um conto barroco na grandeza de uma flor.

Proposta do enredo

Nélson, com seu cavaquinho, que me dê licença para fazer de seus versos o fio que conduzirá o nosso humilde carnaval?

Me dê as flores em vida
O carinho, a mão amiga,
Para aliviar meus ais.
Depois que eu me chamar saudade
Não preciso de vaidade
Quero preces e nada mais

[Quando eu me chamar saudade
Composição: Guilherme De Brito / Nélson Cavaquinho]

As flores são uma das formas mais comuns, mas não menos gloriosa, de se prestar uma homenagem. São o símbolo mais puro da beleza, do reconhecimento e do carinho, as flores trazem a iconografia da grandeza, receber flores em sua homenagem é ter a consagração feita com a mais perfeita criação divina.

No entanto, dentro de um imenso jardim há aquela flor que sempre se sobressairá, não é atoa que carrega o título de nobreza atribuído por poetas inspirados e por amantes apaixonados. A rainha de todas as flores é a que exala o perfume mais sedutor e o orvalho quando cai à noite desliza sobre o rubro veludo de suas pétalas revelando toda a perfeição da natureza quando desabrocha a mais bela Rosa Vermelha.

Fazer um carnaval, real ou virtual, é como tratar um jardim. Devemos cuidar de nossas criações, garantir que cada detalhe esteja em seu lugar, cada cor esteja em harmonia, cada textura, cada palavra tem que estar em sintonia. Regamos nosso carnaval com suor e lágrimas emocionadas, fortalecemos nossas raízes com comprometimento e vontade, cuidamos de nossa roseira para que seus botões floresçam em vermelho vivo, para que seu perfume conquiste cada um que esteja assistindo nosso trabalho, cuidamos para que nossos pés, assim como as raízes, estejam sempre plantados no chão, firmes e fortes para que possamos, humildemente, prestar a homenagem a grande mestra da arte de fazer carnaval. Rosa Magalhães e seus 45 anos de carnaval serão lembrados com muita emoção, com euforia bordada em um sentimento chamado inspiração.

Introdução

Sopram os ventos que trazem consigo o ar da inspiração. Ventos que sopram sobre um palco, aparentemente vazio, até que sua cortina é levantada, um grande ato está por ocorrer: Por detrás do grande pano encarnado um enorme jardim se revela, uma grande Rosa Vermelha desabrocha sobre o olhar de um casal apaixonado. As luzes se apagam, e reacendem revelando uma menininha envolta com anjinhos barrocos de brasilidade.

“A casa começa ficar cheia E no grande ato
No bumbum praticumbum Ouvi alguém perguntar Que tititi é esse?

João e Marias

O Incrível homem que só tinha medo de quase nada Marquês, Dom Quixote e Catarina de Médici Unem-se todos nesse museu de grandes novidades”

Em outro ato, todos com os olhos atentos para mais um grande espetáculo.

“Vários cenários se misturam num turbilhão de fantasia A festa do Arraiá ganha ares do Brasil de Cabral Piratas de perna de pau vindos do ceará Posicionam-se onde o canto livre de Angola possa ecoar”

O último ato revela a maior consagração de um artista, quando seu nome sai das folhas de papel, voando por todo o teatro, e vai ganhando forma de carnaval rompendo aos olhos com a emoção transbordada em matiz cristalino; A consagração popular:

“Rosa!
O povo quer Rosa! Máscaras, renda, brilho e alta-costura
Todos saúdam o ato final
A menininha cresceu, virou mestra
E seu trabalho, sua vida, sua história tornam-se sempre inspiração
Para que sempre estejam gravadas nas sutilezas de um carnaval.”

O enredo

O vermelho do amor esculpia sutilezas nos cenários, costurava figurinos, as letras no papel exalavam paixão e carinho entre Raimundo Magalhães Júnior e Lúcia Benedetti, grandes escritores, jornalistas, contistas e um casal inspirado que quando deslizavam a caneta sobre as páginas brancas deixam um legado de amor à literatura, ao teatro e a vida. Talvez o maior legado tenha sido um conto em específico, um conto barroco recheado de cores, emoções, vitórias e inspirações. Um conto sobre uma rosa, não uma qualquer, mas uma Rosa em maiúsculo, fruto de um amor escrito em pura essência artística.

As ruas calmas de Copacabana viram crescer uma menina esperta, inteligente e com um dom natural para a pintura e um gosto herdado de berço pela literatura. Quase todos os dias sua casa estava cheia de seus amigos mais velhos como Jorge Amado, Raquel de Queiroz, Heitor Villa-Lobos entre outros tantos intelectuais e artistas que foram se tornando grandes inspirações para a menina, assim como o antigo livro de figurinos de sua mãe, já com suas páginas amareladas pelo tempo, ali exposto na antiga prateleira, e mesmo depois de anos, depois da menina já formada em pintura pela Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, os coloridos desenhos teatrais inspiravam Rosa a cursar e se formar em Cenografia e Indumentaria pela Escola de Teatro UniRio, na ocasião Fefierj. Os palcos, as coxias, a emoção que se rasga no coração do artista quando as cortinas se abrem, os três toques antes do espetáculo e por fim os aplausos da plateia formam um universo único, um espaço próprio e cada vez mais fascinante chamado teatro. Rosa mantém um fio terno que a deixa sempre disposta a criar, conceber e realizar sonhos sobre os tablados, fio de ternura que costura com delicadeza feminina cada detalhe, cada adorno de seus trabalhos.

Esse toque de Midas chama atenção, ainda nos idos anos de 1970, de um de seus grandes mestres, Fernando Pamplona que acompanhado de Arlindo Rodrigues reconheceram o talento para pintura e desenho de Rosa. Talento que foi estreante em um dos mais aclamados carnavais da história. O grande Salgueiro, na época embalado por grandiosos carnavais sob a batuta dos mestres Arlindo e Pamplona, ganhava mais um par de mãos habilidosas para incumbências dentro dos espaços reservados para adereços e decorações carnavalescas, hoje popularmente chamados de barracões. O carnaval de 1971 ficou marcado com a grande e apoteótica apresentação da acemia do samba com outro marco na forma de se fazer enredos. Festa para um rei negro sagrou-se campeão e a festa foi comemorada por toda a equipe de jovens talentos como e seus mestres. Do vermelho e branco para o azul e branco foi um passo para sua carreira, no entanto as difíceis condições de trabalho na Beija-Flor e na Portela fizeram que Rosa buscasse novas inspirações para suas criações.

Festa é uma das palavras que mais estão estampadas nas páginas da vida de Rosa Magalhães. Festas e comemorações estão sempre atribuídas a grandes vitórias e conquistas. Mas dentre todas, talvez, a primeira sempre será lembrada com mais carinho, um carinho matizado em verde e branco, uma lembrança bordada com sentimento de nostalgia e com um toque especial de sua maior parceira de carnavais. Em 1982 com um enredo que exaltava a origem do carnaval e as primeiras festas carnavalescas, Rosa e Liliam conquistam mais um campeonato para o grande Império Serrano. Não mais um campeonato, mas o primeiro campeonato assinado por mãos femininas, “Bumbum paticumbum prugurundum” já demonstrava a coragem de uma grande artista.

Coragem também não faltou em escolas como Estácio de Sá, Imperatriz Leopoldinense e sua volta ao Salgueiro, no entanto, sua história estava prestes a se elevar para outro patamar quando, auxiliando Viriato Ferreira, conhece a “Czarina de Ramos”, e foi na Imperatriz que Rosa fez história, literalmente. Foram dezoito anos defendendo as cores verde, branco e ouro, uma vida. Seus carnavais históricos e rigorosamente bem feitos, organizados e minuciosamente detalhados conquistaram cinco campeonatos e quatro vices campeonatos. Rosa fez história, marcou seu nome os corações de uma verdadeira nação leopoldinense.

Seu nome também marcou carnaval na União da Ilha, quando fez Dom Quixote delirar na passarela do samba e na Vila Isabel quando fez toda a Marques de Sapucaí cantar e se emocionar com o canto que vem de Angola e sela sua passagem na azul e branco com um dos campeonatos mais aclamados da história, “festa no arraiá” se tornou um marco para a escola e para todo o povo do samba que cantava uma bela homenagem ao povo simples do campo. Após uma passagem rápida pela Mangueira e Dragões da Real – voltando ao carnaval paulistano após a passagem por Barroca Zona Sul em 2003 – Rosinha vai assinar seu carnaval na amarelo e preto de Botafogo, em um desfile mágico e aclamado, pela primeira vez em muitos anos a São Clemente figura entre as primeiras escolas durante a apuração e mostrando que a simplicidade e o tom romântico e ingênuo do antigo carnaval de rua ainda sobrevive em tempos que a tecnologia invade cada vez mais o espetáculo do povo, criado pelo povo, para o povo.

Uma artista consagrada, multipremiada em várias áreas, que ganhou fama e renome mundial em 2007 quando conquista o Prêmio Emmy, pela abertura dos jogos Pan Americanos de 2007 no Rio de Janeiro mostrando os tons de brasilidade estampados nos rostos de nossos atletas. O calor humano, o jeitinho peculiar do povo brasileiro, o amor ardente do povo brasileiro certamente será uma das inspirações para que Rosa encerre os Jogos Olímpicos Rio 2016 nos brindando com mais um prazer aos olhos, nos ensinando mais uma vez que a sina de um artista é renovar-se ao mesmo passo que mantêm sua marca, sua história que corre nas veias de uma gente chamada Brasil.

Renovação é uma das palavras trazidas pelo vento que formarão um mantra, é uma das sementes que serão plantadas neste jardim para que floresçam novas inspirações e criem novas raízes de garra e vontade, que ao lado das velhas marcas desta Roseira, serão fundamentais para que possamos seguir o conselho da “mestra”:

– “Que os carnavalescos continuem persistentes, apesar das dificuldades encontradas no caminho.”*

Rosa, quatro letras que sintetizam inspiração, um nome que traduz o significado de glória e que hoje ganha uma singela homenagem de um grupo de sonhadores amantes do samba e do Carnaval Virtual. Uma homenagem que se costura em cada um de nós, carnavalescos virtuais, jovens que pintam sutilezas de sonhos no papel e esculpem pedaços de uma sina, um ímpeto de desbravar corres e traços para um dia realizar a vontade de fazer carnaval.

Explicação do enredo

Introdução – Estilhaços de uma história, pedaços de uma vida, partes de uma história! Personagens, momentos marcantes e lembranças que vem a cabeça quando lemos o nome “Rosa Magalhães”. É automático, simples e claro.

Parte I – A ideia principal é que Raimundo e Lúcia (pais de Rosa, grandes escritores) deixaram grande legado literário, teatral e cultural, mas o maior deles foi o legado que hoje se torna inspiração. É como se os dois contassem, escrevessem a história da filha.

“Talvez o maior legado tenha sido um conto em específico, um conto barroco recheado de cores, emoções, vitórias e inspirações. Um conto sobre uma rosa, não uma qualquer, mas uma Rosa em maiúsculo, fruto de um amor escrito em pura essência artística.”

Parte II – A carreira de Rosa é o destaque, sua atuação no teatro, nas artes, sua vida no carnaval, suas premiações e toda a trajetória de glórias é o conteúdo, a massa do enredo.

Parte III – Encerramos o enredo mostrando que Rosa Magalhães, além de tudo, é um ícone, uma inspiração para nós carnavalescos, em especial carnavalescos virtuais que se empenham, se dedicam a essa nossa brincadeira.

“Uma homenagem que se costura em cada um de nós, carnavalescos virtuais, jovens que pintam sutilezas de sonhos no papel e esculpem pedaços de uma sina, um ímpeto de desbravar corres e traços para um dia realizar a vontade de fazer carnaval.”

Author: Carnaval Virtual

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