A ACCESV Belas Artes apresentou o enredo que levará para o seu desfile no Carnaval Virtual 2024.
Disputando o Grupo de Acesso I, a escola abordará os 30 anos do da escola de samba Império de Casa Verde através do enredo “NOSSO DESTINO É SER TIGRE – 30 Anos de Império de Casa Verde”, de autoria de Igor Cesar Cine.
Confira abaixo a sinopse divulgada pela agremiação:
NOSSO DESTINO É SER TIGRE – 30 Anos de Império de Casa Verde
Prólogo: A Fábula do Samba
Nasce um novo imperador na selva de pedra (2003)
Em 2003 na ‘terra da garoa’, pela cinza avenida da selva de pedra, um glorioso Gavião voava soberano com sua medalha de ouro no peito. Voavam também duas nobres águias, com seus pavilhões azul e branco, cortejando do céu todos que ali entravam. Em terra, um destemido leão vermelho e branco rugia ferozmente, querendo ser ele, o ‘rei’ desta selva. No ‘circuito das frutas’, toda mocidade que ali passava alegre, parava para cortejar e admirar o trevo de quatro folhas – com fama de boa-sorte – e a mais bela rosa que cintilava suas pétalas de ouro aos reflexos dos raios do amanhecer. Quase lhe arranca o caule o cavucar do tatu, que escavou e lutou para subir do ‘buraco de baixo’ ao solo elevado onde todos ali estavam.
Nesta incrível fábula da folia, naquele ano, todos conheceram e escutaram o primeiro rugido do mais novo pequeno filhote do samba. Viria este também ser um grande imperador do carnaval, que não veio do Ipiranga, mas sim, da Casa Verde. Era ele um imponente Tigre, símbolo de proteção, boa sorte e fortuna.
Ato I – A Ascensão do Império
Tudo começou no final de 1993, quando alguns moradores e comerciantes da região, juntamente com alguns dissidentes da Unidos do Peruche, liderados por Daílson “Caçapa”, se reuniram para fundar uma nova escola no bairro.
Nomearam como presidente de honra e patrono Francisco Plumari Júnior (o “Chico Ronda”), poderoso empresário e contraventor ligado a jogos de azar. Seria este o “Rei Midas” do samba? Em seu seu simples tocar neste sonho, transformou uma escola principiante em um grandioso império …
Seu esplendoroso pavilhão, produzido pelo carnavalesco Raul Diniz, foi abençoado pelo trevo da sorte – Camisa Verde e Branco, sua madrinha, da mesma região que ela, Barra Funda.
Logo em 1995, tremulou sua bandeira na avenida, consagrando-se de imediato campeã no grupo B da UESP, com o enredo “Trajes, Jeitos e Trejeitos”. Seguiram-se mais dois títulos e um vice-campeonato, que conferiram para a escola uma ascensão considerada “meteórica” no carnaval – uma seguida da outra. Chegando ao segundo grupo no Anhembi em 1999.
Em 2002, com o vice-campeonato do Grupo de Acesso, ascendeu à primeira divisão da Liga, chegando ao Grupo Especial de São Paulo em 2003, causando de imediato um forte impacto ao apresentar seus esplendorosos tigres no abre-alas. No decorrer do mesmo ano da chegada ao Grupo Especial, o patrono da Escola, Chico Ronda, infelizmente, foi assassinado:
“Mistério …
Quem constrói não pode desfrutar
Tudo o que toca vira ouro
Mas morre sem poder aproveitar”
Em 2004, com um enredo que fazia analogias entre a história de São Paulo e a Grécia Antiga, em seu segundo ano no grupo, alcançou um expressivo terceiro lugar, terminando apenas a 0,5 ponto da campeã. “Se Deus é por nós quem será contra nós”, logo no ano seguinte, em 2005, desfilou com um enredo que abordava uma ótica positiva o nosso país, consagrando-se campeã no Especial pela primeira vez:
“Amanheceu …
Desperta amor, é um novo dia
E com o sol vem meu Império
Nesse sagrado paraíso da alegria.”
Em 2006, fazendo uma homenagem à pecuária brasileira, o Império sagrou-se bicampeão. E assim, a Casa Verde consagra-se e estabiliza-se na principal avenida da selva de pedra – jamais rebaixada desde então. Obtendo a fama de luxo e grandeza. Seria este então um “Império de Grandes Monumentos”, igual a cidade que entoou canto, em 2010 (Itu).
Ato II – Um Império de Histórias, Culturas e Glórias
II.I – Um Império de Mistérios (2016):
“Sou caçador de emoções!”
Na fábula desta folia
nosso tigre começa a desbravar esta selva de pedra.
Conhecendo alucinantes aventuras e mistérios,
O corpo arrepiou, bateu forte o coração
Mostrando que o mundo é realmente inexplicável, que fascinação!
II.II – De Olho no Tigre (2012 / 2019):
Na arquibancada e na tela da TV,
Meu tigre foi visto e admirado por milhares
No tocar da sirene, todos aguardavam para lhe ver
Sempre grandioso e imponente, seduzindo olhares …
Seus desfiles eram como filmes, cinematográficos
Ganhando projeção e se eternizando
Na história e em nossos corações.
A grande estrela da sétima arte.
II.II – O ‘After’ da Folia (2011/ 2009 / 2023):
E após horas desta folia cinematográfica
‘A caçula do samba pediu a saideira’.
Embriagados de emoção,
Ninguém mais sabia neste carnaval
Se era festa, feriado ou celebração.
Entre amores e desamores,
Todos sambaram no tocar de meus tambores.
Nesta batucada virei rei,
a ‘Barcelona do Samba’ me tornei.
Meu Império virou quilombo de bambas.
Ato III – O Legado do Império
III.I – O Mensageiro da Folia (2022):
Nesta folia, meu tigre foi “Mensageiro das emoções”.
Foi porta-voz da Casa Verde,
Foi a cara do Brasil, e deste povo.
Me tornando orgulhoso de onde vim,
orgulhoso de ser Imperiano.
III.II – A Mensagem de Sonhar (2015):
Vem sonhar! Nesta avenida meu tigre lhe fez acreditar
Que é possível ser criança, e alcançar a felicidade.
Pois os “sonhos não morrem jamais”
E até a mais velha-guarda carrega dentro de si a mais alegre mocidade.
III.III – A Mensagem da Sustentabilidade (2014):
E no ecoar do meu cantar, também fiz um grito de alerta
Em poesia a caçula se manifesta:
“Queremos lavar a nossa alma na avenida,
Porém, lavar em águas limpas!”
Sustentabilidade, a hora é essa!
III.IV – A Mensagem da Cura (2013):
“Atotô obaluaê… obaluaê
Atotô obaluaê… obaluaê”
De mensageiro a curandeiro.
Mostrei que remédio para todo mal é sambar,
Que seus males se vão em seu cantar,
A cura do corpo e do coração brasileiro.
III.V – A Mensagem da Paz (2017):
Do arauto vem o Império de uma nova era,
Juntos em um só ideal, ergui minha bandeira
tornando-a símbolo da paz universal.
Os filhos do tigre seguem de mãos dadas na avenida,
Na esperança de brilhar um novo mundo,
Onde o maior tesouro não é ouro, e sim, a vida.
III.VI – Um Legado de Glórias e Conquistas (2007):
Foi tão bom falar de sonhos e conquistas, não é, meu tigre?
Bons tempos … onde a bravura imperou.
Avante! Saltando rumo ao oriente
Expansivo e crescente,
Seu gigante império marcou seu nome
Na história, no tempo e no coração de muita gente.
Tantas emoções, ao lutar
Para te defender, tudo por te amar!
A lágrima rolou … mas eu estava sorrindo.
Meu tigre, quem lhe viu, não pode fugir do fio do destino.
Neste carnaval, o nosso destino é ser tigre!
Epílogo – O Tigre Abençoa Minha Coroa
Bodas de Madeira
Parabéns!
Olha quem também está a soprar as velas: a Belas Artes.
Comemorando seus 5 anos de sonhos e existência.
Em uma única festa, vamos desfilar e celebrar.
Minha bodas de Madeira, suas Bodas de Pérola.
Tornando este samba também uma oração,
Óh tigre lhe peço, abençoe meu pavilhão.
Duas Bandeiras, Um Só Coração (2020)
”Deus é por nós!”
Das mãos do criador, a mais divina benção.
Que toca nossas duas bandeiras.
Um por todos, todos um só coração.
Sempre esteve escrito nas estrelas …
Cai nos Braços do Povo, A Nobreza Real (2018)
E no final deste desfile, as portas se abrem
E a avenida se enche, tomada pela multidão.
Era o fim de mais um carnaval,
mas ao mesmo tempo, o começar de um novo…
Teu sangue azul é a cara deste povo, meu tigre!
No nosso império, a nobreza real,
Sempre foi o povo …