Estreante no Carnaval Virtual, o GRESV Acadêmicos do Recreio apresentou o enredo que levará para a disputa do Grupo de Acesso II na edição comemorativa dos 10 anos do Carnaval Virtual.
De autoria de Walter Martins, a agremiação irá defender, em 2025, o enredo “Tetas Negras, Leite Branco”.
Confira abaixa sinopse oficial:
TETAS NEGRAS, LEITE BRANCO
Ela é mulher, preta, guerreira… No solo berço da humanidade contemplou a vida.
Sob os ensinamentos das Yabás cresceu e na crença dos seus orixás se fez forte para vencer a dor da separação, da partida de seu chão, para a terra de seu cativeiro.
Atravessou as águas do grande mar da saudade para ver uma nação se erguer, sob o seu suor e o peso das correntes de seu povo.
Aqui se fez mãe… Por vezes sem rebento, arrancado de seus braços e lançado à sorte na roda dos enjeitados.
Em anúncios de jornais virou mercadoria exposta ao poder de compra dos senhores aristocratas…
De tetas negras brotou leite branco que alimentou filhos e filhas das suas senhoras, de seus algozes… Meninos brancos, meninas brancas, filhos postiços, mãe de corpo e alma em sua perfeição…
Amamentou, ninou, cantou e contou estórias como se fossem seus…
Ensinou a oração, protegeu na reza, recorreu a simpatias…
Amaciou a língua transformando o imperativo em súplica, arrancou os espinhos e adocicou a vida…
O Brasil de tantos Chiquinhos, Toninhas e Nezinhos caminhou sob os cuidados de sua mãe preta.
Mãe de gerações de sinhozinhos que cresceram e mudaram o país.
E hoje, tanto tempo passado, tantos filhos criados ainda sofre no cativeiro do gueto, na miséria da favela… Ontem, mãe do Brasil, hoje, filha de uma “pátria mãe gentil” que continua a lhe arrancar dos braços e da vida os filhos que gerou.
Ofertam-lhe a violência, o preconceito, a negligência e a dor… Em troca alimenta-se da esperança e da fé nos dias vindouros.
Ah, se esta pátria fosse realmente mãe e cuidasse do que é seu com o mesmo apreço das mães pretas de outrora…
“Tetas santas, leite branco, Mães pretas, alma do Brasil”
CARNAVALESCO MANOEL JUNIOR
ENREDO – WALTER MARTINS