16ª colocada do grupo na edição passada, o GRESV Arautos do Cearrado apresentou o enredo que levará para a disputa do Grupo Especial, na edição comemorativa dos 10 anos do Carnaval Virtual.
De autoria de Fábio Granville, a agremiação irá defender, em 2025, o enredo “O MILHO QUE FAZ BUM…BUM PATICUMBUM PRUGURUNDUM!”.
Confira abaixa sinopse oficial:
O MILHO QUE FAZ BUM…BUM PATICUMBUM PRUGURUNDUM!
Quetzalcóatl, o deus asteca, se transformou em uma formiga, atravessou montanhas e trouxe o milho ao seu povo. Por isso era chamado de alimento “dos deuses”. O cereal que nascia naquelas espigas douradas ficou sendo a principal fonte de alimentação dos povos indígenas da era pré-colombiana. Mas, um dia, não se sabe quando, nem como, em condições ideais de pressão e temperatura, um milho fez “bum”. Outro fez “bumbum” e outros “paticumbum” e tantos outros “prugurundum”. Bumbumpaticumbumprugurundum para todo lado! Aquele alimento amarelo-dourado tornou-se uma nuvem branca que cabia nos dedos. Era o milho se transformando, tal qual fez o deus asteca para levá-lo para a aldeia. E aquele grãozinho estourado, serviu como um bom alimento, mas também usado como artesanato, coroas e colares feitos para ornamentar aquela civilização bem desenvolvida.
E esse alimento pipocou por toda América! Há registros arqueológicos de milho estourado em diversas regiões, dos indígenas da América do Norte aos Incas, no Peru. E o milho estourava de diversas formas e técnicas, seja no espeto de espiga, com os grãos espalhados sobre a brasa, até em panelas de barro com areia quente. E há também histórias desse grão transformado aqui no Brasil. Foi, aliás, pelos indígenas tupi-guarani, que ele ganhou o nome que a gente conhece: “pele arrebentada” ou “pele estourada”, simplesmente, pipoca. Pipoca que chegou a ser alimento proibido pela Coroa portuguesa aos indígenas aldeados no século XVIII em Goiás.
Proibida ou não, esse alimento indígena pipocou agora pelo mundo! Europa, África, Ásia, Oceania… Muito tempo depois, no finalzinho do século XIX, o inventor estadunidense Charles Cretors criou uma máquina automatizada capaz de fazer Bumbumpaticumbumprugurundum em qualquer lugar, popularizando a pipoca. E por ser um alimento gostoso, fácil de se fazer e barato, ela explodiu em vários ambientes. Na praça, nos parques, nas feiras, nos circos, na porta das escolas, nas festas populares, da festa Junina ao Cosme e Damião, a pipoca combina com qualquer ambiente por sua versatilidade. Mas, apesar de estar em todos os lugares, é no cinema que a pipoca chegou e não saiu mais. Em uma estratégia de marketing bem sucedida, tiraram os carrinhos das ruas e colocaram dentro das salas de cinema, fazendo-a ser um par perfeito para qualquer filme. Com o tempo, os combos e os produtos dos longas-metragens, deram à pipoca um ar de alimento dos deuses, mas a um preço “salgado”.
Com a popularização da pipoca ela ganhou novas cores, aromas, sabores e novas formas de consumo. A pipoca de micro-ondas fez uma revolução facilitando o preparo em casa. Porém, as novidades vão além disso. Há também uma nova variação, a pipoca doce feita de milho de canjica vendida em um saquinho vermelho, bem apreciada pelas crianças. Ela se tornou um alimento parceiro de refrigerantes com um jingle famoso. Gourmetizada, virou peça de decoração e de presente para se comer com os olhos. A pipoca demonstra que não precisa só ser aquela pipoca branquinha que aceita apenas o sal como tempero, mas, também diversos outros, assim como as especiarias. A pipoca tem essa marca de ser a mesma coisa, mas de diferentes jeitos.
E nos terreiros de candomblé a pipoca, ou deburu (doburu), alcançou seu grau de espiritualidade. Preparada, não em máquinas, mas num ritual de se esquentar a areia da praia e misturar nela o milho para seu bumbumpaticumbumprugurundum, o banho de pipoca de Obaluaê é um rito de purificação e de cura. É o poder de transformação deste alimento, demonstrado desde os seus primórdios.
E assim, pede licença a Arautos do Cerrado para desfilar na passarela virtual mais uma vez, e que o bumbumpaticumbumprugurundum da nossa bateria lhe dê vontade de saborear este alimento dos deuses e de pular, feito pipoca na panela, curtindo o nosso carnaval!
Fontes consultadas
Ofício do [governador e capitão-general de Goiás, barão de Mossâmedes], José de Almeida Vasconcelos [de Soveral e Carvalho], ao [secretário de estado dos Negócios Estrangeiros], marquês de Pombal […], Vila Boa, 02/07/1775. Arquivo Histórico Ultramarino – Projeto Resgate – Rede Memória – Anexos de AHU_ACL_CU_008, caixa 28, documento 1820.
Referência bibliográfica
PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
Referências – Meio eletrônico
https://garfoefaca.home.blog/2019/09/11/historia–da–pipoca/
https://news.agrofy.com.br/noticia/203356/pipoca–incrivel–historia–4700–anos–doaperitivo–mais–famoso–do–mundo
https://pipocadovaldir.com.br/2021/11/24/saiba–de–tudo–sobre–a–pipoca/ https://revistacasaejardim.globo.com/Casa–e–
Comida/Reportagens/Comida/noticia/2016/07/descubra–origem–da–pipoca.html
https://revistagalileu.globo.com/ciencia/arqueologia/noticia/2024/07/como–a–pipocafoi–descoberta–a–arqueologia–explica.ghtml
https://super.abril.com.br/mundo–estranho/qual–e–a–origem–da–pipoca
https://www.raizesespirituais.com.br/pipoca–deburu–ou–abado/
Referências audiovisuais
A história das coisas – pipoca https://www.youtube.com/watch?v=A91pu2tl4JY&t=177s
A verdadeira história: quem descobriu a pipoca? https://www.youtube.com/watch?v=i4cMtJki6R8
Conto de Asé – Omulu https://www.youtube.com/watch?v=MKLYfnAiIUE
O mito de Quetzalcóatl e a descoberta do milho https://www.youtube.com/watch?v=xQKRZ7drJFU
Origem da pipoca https://www.youtube.com/shorts/ojd_CYDyqTk
Pipoca da espiga? https://www.youtube.com/watch?v=34tI–Mo3q2w
Por que o milho vira pipoca? https://www.youtube.com/watch?v=Rjl–08JAoUs