Fazendo a sua estreia no grupo, o GRESVEM Arriba Muchacho apresentou o enredo que levará para a disputa do Grupo Especial, na edição comemorativa dos 10 anos do Carnaval Virtual.
De autoria de Marcos Felipe Reis, a agremiação irá defender, em 2025, o enredo “Sou Zona Leste, sou o povo, sou a raiz, História e realidade. Canta, Nenê! Uma escola de samba de verdade”.
Confira abaixa sinopse oficial:
Sou Zona Leste, sou o povo, sou a raiz, História e realidade. Canta, Nenê! Uma escola de samba de verdade
Mais um ano se inicia
E neste ano, volto à minha querida terra da garoa
Nem parece que passei muito tempo longe…
Volto para contar a história da minha gente bamba
Que se confunde com a história do pŕoprio samba.
Como é bom estar de volta!
Ao cantar mais um carnaval, dessa vez, um carnaval especial
Tomo-me de alegria, alço voo nas asas de uma águia soberana.
Soberana águia de Nossa Senhora Aparecida
Que inspira esse mineiro
Lembro-me que vislumbrei na televisão tuas 21 glórias
Tua bandeira azul… Azul da cor do céu, como o mar, como Yemanjá Que se mistura com o branco dessa paz que me invade.
Vejo a grande cidade, gigante cosmopolita
Das modernas artes, ousada, delirante e pioneira.
Mãe apaixonada que me acolheu.
Me instalei na Zona Leste
Admirei as marchinhas e bailes da época
A cadência, o batuque, o Culugundum.
Agora, decidi fazer o meu próprio batuque, o meu quilombo
Vila Matilde, onde se unem poesia e resistência.
Lutando com galhardia, o samba fez escola.
Pedi bênção à majestade de Oswaldo Cruz e Madureira
Soberano aos olhos da águia, azul e branco também será nossa bandeira Zona leste somos nós!
Quem te fez sambar? Quem te fez cantar?
Fui eu, seu grande Cacique-gavião
Que abri as portas do terreiro para Nenê sambar:
Na “Casa Grande e Senzala”, fizemos revolução,
Trouxe toda negritude pra sambar de pé no chão:
Chico Viola, Zumbi e suas baianas
Escrava Isaura, Chica, José do Patrocínio
Na “magnitude de uma raça”, fizemos brilhar “os sonhos do rei negro” O “Grito do Ipiranga” avisou:
Essa é a nossa gente!
A grande “Paulicéia desvairada”,
“Onde me deram a coroa de rei”.
Voei, voei, voei.
O “Cacique rodou a baiana” e ordenou
Que não houvesse fronteiras para o samba matildense.
Do Largo do Peixe, fomos à Sapucaí
Voa águia, voa que Sampa é toda tua
Onde, aos olhos de Narciso, cantamos que o negro é amor, é capaz Sob a ópera de Lídia e embalada em delírios de Ziraldo,
Festejamos a cultura popular num conto de Câmara Cascudo.
Se Xica convida, és sempre triunfante, minha querida.
Salve a negritude, salve a Bahia
Que cirandando fez caminho para infinitos carnavais!
“Estão falando é de você
Minha querida Nenê…”
Se todo sambista soubesse de sua história
Olhasse novamente no espelho de Narciso Negro
E sentasse aos pés de sua velha guarda
Para ouvir sobre este seu cacique-griô
Não se esqueceria do voo de sua águia
E agora, terminando nosso desfile
Cruzo muito além da linha do fim
Estarei de volta aos grandes baluartes
Com orgulho de toda essa gente.
Salve o povo preto do carnaval!
Salve o povo preto da Vila Matilde!
Texto: Marcos Felipe Reis