Estreante no Carnaval Virtual, o GRESV Ciranda Rosa apresentou o enredo que levará para a disputa do Grupo de Acesso II na edição comemorativa dos 10 anos do Carnaval Virtual.
De autoria de Cintia Cruz, a agremiação irá defender, em 2025, o enredo “SERRA DO SALGUEIRO – FAMÍLIA, SAMBA E HISTÓRIA”.
Confira abaixa sinopse oficial:
SERRA DO SALGUEIRO – FAMÍLIA, SAMBA E HISTÓRIA
“Serra é o conjunto de montanhas e terrenos acidentados com fortes desníveis e muitos picos, que se assemelha, portanto, a uma serra (ferramenta). O termo é, frequentemente, aplicado a escarpas assimétricas que possuem uma vertente mais inclinada e outra menos inclinada.”
Um termo marcado por inclinações, imperfeições, níveis irregulares, formações potentes que não se curvam para a normalidade.
Serra também é sobrenome, é potência de muitas famílias brasileiras, muitas vivências ancestrais e de heranças eternizadas.
Falaremos da família Serra, mas não qualquer uma.
Nossa família Serra tem bordão, tem viola e violão, samba na veia e na criação, nossa família Serra é Seu Ioiô, é Dona Fia, é Chiquinhio, é Louro, é Almir, é Salgueiro.
“Nem melhor, nem pior, apenas uma família Salgueirense!”
Dona Fia encontrou Ioiô e, fez-se o matrimônio de bambas e, da união desses dois sambistas, não poderia ser diferente a não ser herdeiros de ritmo, melodia e versos a serem perpetuados: seis filhos, destes, 3 artistas. Chiquinho, Mestre Louro e Almir Guineto.
No entanto, não apenas filhos esse encontro criou. Foi na união desse amor e na paixão pelo samba que foi fundada, a partir das escolas Azul e Branco, Unidos do Salgueiro e Depois Eu Digo, nosso grandioso Torrão Amado: Acadêmicos do Salgueiro.
Eles estavam lá – fundadores, compositores, costureira e músico – participantes ativos da criação de uma das maiores escolas de samba do mundo.
A família Serra é a família Salgueirense, é contribuição e doação, é diferente e potente, é cadenciada e melódica.
“Vou descendo o morro
Vou com a minha viola
Vou para o asfalto
Para defender a minha escola”
Descendo o Morro (Almir Guineto / Gelcy Vieira / Pedro Maciel / José Vieira)
A inclinação que levou a família Serra ao samba, a quadra da Escola de Samba, a criação de grandes grupos musicais brasileiros. Também é a mesma família que cresceu dentro do morro, dentro do caxambu, que fortaleceu suas veias musicais com o saboroso mocotó, que criou instrumentos, composições, profissões, caminhos.
Os desníveis de uma família arraigada na poesia, nas estrofes da criatividade, é o que trouxe personagens tão ricos ao cenário do samba. A vida movida na palma da mão, nas cordas de um banjo, na regência de uma bateria, no lápis que desenha palavras musicadas, nas mãos que costuram saias a girarem na Sapucaí.
Uma família unificada em estrofes, em passos musicais. O pensamento contínuo nos carnavais e em suas escarpas fundamentais à beleza da obra. A parentela do sucesso, do verso, do tom, da afinação, do canto, da batida, da criação.
“Ele desceu o morro
Com pandeiro embrulhadono jornal
Ele estava delirando
Pensava que era Carnaval”
Ele Desceu o Morro (Noel Rosa de Oliveira / Iracy Serra / W. Nunes)
A originalidade do samba tocada em fundo de quintal. O carimbo “Serra” enquanto batuque, samba de raiz e palavras cantadas.
Originais do Samba, Fundo de Quintal, Fina Flor, bateria FURIOSA.
Uma família traduzida no partido alto de bons versadores.
“Dona Fia, Dona Fia
Dona Fia cadê Ioiô, cadê Ioiô?”
Ioiô estava versando. Versando e criando. Versando e compondo a tragetória de uma família verdadeiramente brasileira, uma família verdadeiramente salgueirense.
Dona Fia estava costurando. Costurando sonhos e giros. Costurando os remendos de uma família. Bordando a maior herança que poderia deixar: o samba.
“Carreiro novo que não sabe carrear
O carro tomba e o boi fica no lugar”
Caxambu (Elcio Do Pagode / Bidubi / Ze Lobo / Jorge Neguinho)
Deixando de serem “carreiros novos” os irmãos Serra traçaram seus destinos. Sem deixar o carro tombar, fizeram história.
“Do lado direito da rua direita”, os Originais do Samba tem um Serra para chamar de fundador.
Balançando o coração da gente, a bateria Furiosa tem um Serra para chamar de mestre Louro.
“Deixando de lado esse baixo astral, erguendo a cabeça e enfrentando o mal”, o samba tem um Serra pra chamar de Almir Guineto.
“Ser sambista é ser poeta,
Ver na rima e melodia
a melhor forma de rir ou chorar
Conforme o curso da vida mandar”
Sambista (Iracy Serra / Hayblan)
Neste Carnaval falaremos de família, de construção musical e, claro, de muito samba.
Pegue seu instrumento, prepare sua voz e entre nessa Ciranda Rosa de vertentes versadas. As facetas que o sambista pode ter, nasceram e cresceram numa mesma casa, sob teto de telha e fundação em rochas de um morro.
O morro, ou melhor, a Serra do Salgueiro.
Pesquisa realizada por Cintia Cruz e Vanessa Vicente