Dragões Lendários lança sinopse para o Carnaval Virtual 2016

JUSTIFICATIVA

A Dragões traz no seu enredo uma coletânea de lendas africanas, coletadas por PJ Pereira em sua trilogia Deuses de Dois Mundos, costuradas em uma única história de bravura e de confiança no divino e na capacidade humana de atingir objetivos por muitas vezes quase inalcançáveis. É uma história baseada na mitologia Iorubá, mas poderia ser contada em qualquer outra cultura, pois muito mais do que sobre os Orixás, ela fala da bravura do ser humano, sua capacidade de se organizar para cumprir tarefas juntos, por muitas vezes esquecendo de seus próprios problemas para ajudar o próximo. Fala da fé nas pessoas em que acreditam em seus ideais e na ajuda de forças divinas nos momentos de angústia e desespero e no agradecimento pelos momentos bons. E, principalmente, fala da capacidade de todos nós nos tornarmos uma pessoa melhor. A nossa saga começa quando Orunmilá, o maior adivinho de todos, percebe que seus instrumentos de predição do futuro deixam de responder, assim como os de todos os outros adivinhos de seu tempo. Iremos conta-la em atos de uma epopeia heroica que achamos que irá atrair a atenção de todos.

SINOPSE

ATO 1 – A MISSÃO DE ORUNMILÁ

Orunmilá, o maior adivinho de seus tempos estava preocupado, seus búzios e outros instrumentos dados por Ifá, o orixá do destino, haviam se calado. Seu ajudante, Exu, havia voltado do Orun, a morada dos orixás com uma terrível notícia. Os búzios não respondiam porque os Odus, os mestres que respondiam aos jogos, haviam sido sequestrados pelas feiticeiras ancestrais, as Ia Mi Oxorongás. Elas queriam dominar toda a vida dos seres do Aiê, a terra, uma vez que já os traziam à vida e os tiravam daqui, porque não controlar o tempo entre esses momentos. Orunmilá então recebe uma missão. Deveria reunir os sete mais valorosos guerreiros do Aiê e resgatar os Odus. Para que o axé dos orixás e a ordem se mantivessem, era necessário que ele enviasse uma codorna a Olodumaré.

Partem para Ifé, onde se reúnem os maiores guerreiros do Aiê durante a festa dos Inhames. Mas não partem sozinhos, Oxum, filha de Orunmilá, que fora proibida de acompanha-los, os acompanhavam sorrateiramente pela floresta sagrada que os levaria até Ifé. Nesse percurso, ela é capturada pelos temíveis Gheledés, um grupo que louvava os eguns. Para salvá-la, Orunmilá tem de explicar sua missão e o líder dos Gheledes conta que já havia sido avisado por um egun que um grupo de três guerreiros chegaria até eles e deveria ser ajudado e levado até Irê, onde encontrariam o quarto dos guerreiros, o general Ogum.

ATO 2 – OS GUERREIROS DE ORUNMILÁ

Em Irê, encontram Oxóssi, irmão mais novo de Ogum e grande caçador, e o general Ogum que fora seduzido por Oxum a se juntar ao grupo. Próximo a Osogbo, cidade onde Oxum fora criada, Ogum e Oxóssi reúnem suas habilidades para capturar a codorna de Olodumaré, e com a tarefa cumprida Oxóssi resolve voltar para Irê e Exu é enviado ao Orum para entregar a codorna. Os demais atravessam o revolto rio Osogbo com a ajuda do amigo de infância de Oxum, Logun-Edé, que conhecia tão bem com ela os segredos daquele rio. Na outra margem, Ogum não resiste aos encantos de Oxum e seus corpos se tornaram um, mas isso não viria sem um preço alto a ser pago. Para que a desgraça não caísse sobre eles, Orunmilá ordena que um ebó fosse feito, o qual necessitava dentre outros ingredientes, um pedaço de couro de búfalo. Oxum leva Ogum para o local onde os búfalos descansam naquela região. Ali são atacados ferozmente por um búfalo que se revela a guerreira Iansã, que oferece um pedaço da própria pele para a oferenda e resolve juntar-se ao grupo nesta missão sagrada. Durante a oferenda, Oxum é distraída pelos trovões da tempestade que caía e nem se apercebe do estranho que a está lhe observando. Era Xangô, príncipe de Oyó, que ficara sabendo da missão do grupo e queria juntar-se a eles. Agora eram seis e com certeza encontrariam em Ifé o sétimo guerreiro. A festa é interrompida pelo ataque de uma das aves das Ia Mi Oxorongás, que cuspia fogo incendiando as casas de Ifé. Somente a flecha do sétimo guerreiro destinado à missão pode abater a ave, este guerreiro era Oxóssi. Durante a festa que se seguiu, nossos heróis descobrem que o primeiro dos Odus sequestrados estava ali, e este foi libertado por Oxaguiã, o rei de Ifé, em gratidão por terem salvado a cidade.

ATO 3 – A ÁRDUA CAMINHADA PELOS PRÍNCIPES DE IFÁ

Em Oká, a próxima parada, o grupo de guerreiros conhece Omulu, um homem que tinha poder sobre as doenças e lhes seria muito útil no futuro. Quando entram na cidade, os guerreiros são atacados por Iku, a morte, que enviado pelas Ia Mi, ataca os guerreiros com uma força que não combinava com sua aparência decrépita. Os guerreiros só não são mortos porque Orunmilá atrai a atenção de Iku enquanto foge para a floresta e é escondido pelas brumas de Ewá, que controla os sonhos. Iku é derrotado quando retorna a Oká pela engenhosidade de Exu, que faz com que os filhos gêmeos do anfitrião do grupo escondam-se na floresta e tocam alternadamente suas flautas fazendo Iku dançar até o raiar do dia. Exu então propõe que se Iku fosse embora, ele faria com que o menino parasse. E assim, Iku partiu de Oká. Com as informações colhidas por Oxóssi, um Odu é resgatado de uma caverna próxima guardada por um gorila gigante que cospe fogo.

Em Ijerô, Omulu ajuda o grupo a livrar a cidade da doença lançada pelas Ia Mi quando invoca suas forças e uma rajada de vento escuro passa pela parede de todas as casas de Ijerô trazendo as marcas, manchas e pedaços de carne doente em direção a Omulu, que absorvia as doenças de todos da cidade. Omulu é nomeado o novo soberano de Ijerô. Próximos dali, Iansã, Oxum e Xangô resgatam mais um Odu após atraírem os guardas com deliciosos acarajés. Ao festejar a chegada do quarto príncipe de Ifá, Omulu diz a Orunmilá que ficou sabendo ao ser coroado que as Ia Mi tinham pedido ao antigo rei que guardasse três prisioneiros, mais três Odus. O chefe dos Gheledés convida os homens do grupo para uma cerimônia no interior da floresta. Oxum revolta-se com o fato das mulheres não serem permitidas e em sua ira, joga uma maldição sobre Ijerô, que se tornariam inférteis e as grávidas abortariam. Na cerimônia, uma das Ia Mi Oxorongás é invocada. Ela questiona os motivos de estarem sendo atrapalhadas pelo grupo e Orunmilá diz que só estão cumprindo ordens do Orum. Os Gheledés resolvem ajudar na missão, mas isso seria sob o comando de Oxum, que exigira o posto para quebrar a maldição lançada.

ATO 4 – QUANDO A CAUSA É NOBRE A AJUDA VEM DE TODOS OS LUGARES

Seguindo para Ejigbô, o agora pequeno exército, ajudado pelas brumas de Ewá e os feitiços de Olagbirim, toma a cidade, e lá descobrem mais três Odus escondidos sob um monólito no mercado central da cidade. Oxóssi desaparece no dia do Ewó, quando toda atividade é proibida, e Xangô desaparece bêbado após as comemorações. Após o pôr do sol, o grupo restante se divide nas buscas por Oxóssi e Xangô enquanto Orunmilá conhece Oxumaré, ou grande adivinho das terras de Fon, que era capaz de construir um arco-íris que se torna uma ponte entre o Orum e o Aiê em dias de chuva. Iansã encontra Xangô em uma cidade vizinha, mas não somente ele, traz consigo mais um Odu que se encontrava preso junto com Xangô. Sem sinal de Oxóssi, Orunmilá resolve procura-lo com a intuição reforçada por oferendas a Oxalá. Ele o encontra, transformado em pedra como castigo por desobedecer ao Ewó. Mais uma guerreira se junta ao grupo durante a ausência de Orunmilá, a guerreira chamada de Obá, ela desafia os guerreiros do grupo para duelos e só é vencida por Ogum, que ao invés de força, vale-se de muita astúcia e um punhado de quiabos babados. O ferimento causado em Xangô no mesmo lugar onde ele fora acertado por Iku poderia tê-lo matado se não fosse a chegada de Ossain, o homem que conhecia todas as folhas e fora aprendiz de Orunmilá. É durante este momento que o grupo fica sabendo do destino de Oxóssi e Ogum parte para o interior da floresta se lamentando pela morte do irmão. Naquela noite Ewá leva Orunmilá ao Orum onde ele descobre que Oxóssi tinha sido perdoado e transformado em Orixá.

Ogum trabalhava na forja para esquecer a perda do irmão com Iansã até que um grupo de eguns, que se valiam de panos coloridos para voar e perseguia um grupo de locais, para na frente dos guerreiros e começa a dançar com o sopro de Iansã. Agradecidos pela diversão os eguns revelam que um dos Odus estava escondido em Ogbomoso. Ogum pede permissão de ir sozinho ao local e rapidamente retorna trazendo mais um dos Odus. Chega a chuva esperada por Oxumaré para levar os Odus que haviam sido resgatados ao Orum, mas eles não vão sem explicar ao grupo a origem das Ia Mi Oxorongás. Elas surgiram da revolta das mulheres mais velhas no início dos tempos, que rezando para Nanã, foram dotadas de poderes mágicos para que pudessem conhecer os feitiços do mundo. Elas tinham seus pássaros negros que representavam seu poder. Normalmente elas só se tornavam uma Ia Mi quando a menstruação cessava para sempre, mas algumas poderiam se transformar mais cedo, assim que seu ódio pelos homens estivesse aflorado. E assim, elas sempre que possível desafiavam o controle dos orixás sobre o destino do mundo.

ATO 5 – NOBRES INTENÇÕES, PUROS CORAÇÕES E ENERGIAS ELEVADAS

Ogum resolve deixar o grupo por não mais suportar as investidas de sua esposa sobre Xangô sem matar a ambos e agora Oxum está livre para conquistar o senhor dos trovões com uma grande refeição. Exu vai a seu encontro no mercado e pede que volte ao palácio avisando seu pai que as Ia Mi escondiam prisioneiros em Ifon e em Ilobu, enquanto isso ele seguiria atrás delas para levar o desafio de Orunmilá. Iansã e Xangô seguem para Ifon e os demais para Ilobu. Em Ilobu, Orunmilá, Oxum e Obá resgatam dois Odus que estavam guardados no interior de um Irocô, a árvore que é a morada dos espíritos ancestrais. Em Ifon, após derrotarem os poucos guardas que ainda estavam na cidade, que mais parecia uma cidade fantasma, Xangô e Iansã encontraram, na pequena prisão, o décimo quinto Odu. Oxum e Obá entram em uma luta ferrenha por Oxum ter enganado Obá dizendo que deveria colocar sua orelha na comida de Xangô, coisa que ele adorava. Durante a luta que se segue, as duas se transformam em Ia Mi devido a seu ódio, e os dois pássaros lutam até serem expulsos por Xangô.

O reduzido grupo esperava próximo à Oyó, onde aconteceria o duelo proposto por Orunmilá. Oxalá havia mandado um recado por Oxumaré que tinham poucos dias para terminar a missão. Ogum não pode ser encontrado em Ifé. Ele havia tido um acesso de fúria e matado a todos seus conterrâneos por não lhe cumprimentarem em sua volta, o que eles fizeram não por desrespeito, mas por encontrarem-se no dia de Ewó em Ifé. Inconformado por ter esquecido do dia do Ewó de sua própria cidade e por ter assassinado quase todos os seus habitantes, Ogum parte correndo em direção à floresta. Um dos conselheiros jovens que lhe seguiu disse ter visto uma lágrima rolar dos olhos do general. Ele cravou sua espada na terra, que tremeu e começou a se abrir. Ogum ajoelhou-se e deixou-se ser engolido por ela e nunca mais ninguém ouviu falar dele.

Quando as Ia Mi chegam ao duelo, num casebre em uma montanha perto de Oyó, os guerreiros sabiam que as Ia Mi eram ardilosas e pretendiam ser mais do que elas. Xangô parece se mudar para o lado de sua mãe, uma das duas Ia Mi presentes. Enquanto Exu e Iansã são detidos pelas feiticeiras, e Xangô sai correndo do casebre atrás de Orunmilá e tudo que se ouve é o som de uma pedra de raio. As feiticeiras saem do casebre e sentem o cheiro dos órgãos tostados no fundo do buraco que a pedra de raio abrira. Mas não eram os órgãos do velho adivinho, eles haviam enganado as feiticeiras, oferecendo buchos de animais de quatro patas, coisa que elas não poderiam comer. Iemanjá fora esperta e não havia comido. Enquanto a outra Ia Mi voa para longe contorcendo-se de dor, ela lança uma tromba d?água sobre Orunmilá, Iansã e Exu, enquanto Xangô lança suas maiores pedras de raio sobre a feiticeira com toda sua força. Entretanto, ela se transforma em coruja e voando deixa o guerreiro desolado, vendo as chamas causadas pelas suas pedras de raio consumirem Oyó. Em seu desespero, ele e sua companheira Iansã são engolidos pela terra em meio aos raios e trovões da tempestade que se formara.

Exu joga os búzios, como seu mestre tantas vezes fizera. E recebe uma resposta. O último Odu estava em Ilorin. A estada em Oyó fora só para confundi-los. Exu agora seria também um adivinho como ele e deveria ir até o Orum imediatamente levar o ebó para tal função. Em Ilorin, Orunmilá descobre que fora enganado pelas Ia Mi, que haviam vestido um mendigo como o último dos Odus, este estava na verdade em Ilá. Exu, de volta, fora impedido de ver o mestre pelos guardas do castelo que lhe disseram que o seu mestre não queria vê-lo. Na verdade, o mestre dissera que não queria ver ninguém enquanto resolvia o problema dos filhos do rei. Sentindo-se desprezado pelo mestre a quem servira com tanta devoção Exu parte pelos caminhos do Aiê e decide se vingar do mestre. Ele faz Orunmilá ganhar um corte na mão depois de ser acusado de ter roubado um velho lavrador quase cego. Seria a confirmação do roubo, mas exu se arrepende e corta a mão de vários dos homens de Ilá, salvando seu mestre de uma acusação injusta. Exu sabe que não havia mais nada a fazer ali e volta aos seus caminhos. Uma lágrima rola por sua face por deixar seu mestre, e quando esta cai no solo, a terra se abre sob seus pés, levando-o mais uma vez ao Orum, mas agora como um Orixá.

O rei de Ilá diz a Orunmilá que o reino está em dívida com ele e Orunmilá diz que a única coisa que ele deseja é o prisioneiro que ele sabe ter sido deixado pelas Ia Mi ali. O rei manda trazer o prisioneiro, o verdadeiro Odu. O Odu diz a Orunmilá que era hora de o adivinho ir com ele para o Orum. A medida que afundavam na terra Orunmilá sentiu o axé dominando seu corpo, lembrou-se de seus amigos que começaram a árdua jornada com eles, sentiu-se feliz. Mas ao mesmo tempo pensou nos homens que deixava no Aiê. Decidiu que ali era o lugar dele, trazendo as respostas e o Axé dos orixás aos viventes. Retirou uma das pernas da fenda, abraçou novamente o último Odu e lhe disse que o veria outra vez, mas aquele não era o momento. Assim, Orunmilá ficou no Aiê, continuando a sua primeira missão, trazer o conforto ao coração aflito daqueles que sofriam, o Orum podia esperar mais um pouco, já havia recebido muitos novos orixás, não precisaria dele naquele momento…

Author: Carnaval Virtual

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