Flor de Lótus apresenta sua sinopse para o Carnaval Virtual 2016

Makunaíma

Justificativa

Celebremos!

A brasilidade pulsante em nossas veias. Pois dela faremos o maior Carnaval Virtual de todos os tempos, e para tal, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Virtual Flor de Lótus tem a honra de apresentar seu enredo.

“Makunaíma” toma por base os relatos colhidos por Mário de Andrade durante visita à Tribo Macuxi, no estado de Roraima. Lá pode conhecer um pouco da cultura, dos ritos e das lendas das tribos da região, e o encantamento maior foi pela história de “Makunaíma”, reconhecido como o “Herói Civilizador”, aquele que gerou todas as nações indígenas do extremo norte do Brasil.

No ano de 2016, contaremos então a inspiração para criar uma das obras mais consagradas da literatura brasileira. Por fim, celebraremos a obra “Macunaíma (O Herói Sem Nenhum Caráter)”, escrita em 1928 por Mário de Andrade, e que completa 88 anos como um dos expoentes do indianismo moderno no Brasil.

Pintem as caras!
Enfeitem-se de penas!
É a devoração de cultura!
É o manifesto do povo!
É carnaval!

Enredo

Makunaíma Kure’nan!
Pandon Makusi
Civilizador do extremo norte
Makunaíma Kure’nan!
Das histórias do tempo antigo…

Piatzán é quem fala de ti para mim através do seu xamanismo ancestral. Tua fala lembra o deus sol apaixonado que percorria o mundo até seus limites buscando os carinhos da deusa lua. O amor entre os dois era proibido. Compadecida a Mãe Natureza concede um único encontro.

Eis que os raios do sol aqueceram a face da lua,
Refletindo no espelho d’água a imagem do amor proibido,
Então do fundo emergiu um curumim,
Makunaíma…

Pequeno e astuto. Dividia sua existência junto aos Omá Kon – a gente fera – e os Makoi – devoradores das águas – que habitavam a planície terrestres. Descobriu com sua curiosidade que abaixo dos seus pés habitavam os Wanabaricon – os aldeões subterrâneos – e acima de sua cabeça haviam os Kaprang – as feras aladas – formando assim o mundo Piatai Datai, o tempo antigo de todas as coisas.

Makunaíma tinha curiosidade de tudo,
Cresceu buscando conhecimento
Certo dia seguindo o caminho feito por uma cotia
Descobriu a árvore sagrada…

Wazaká! Colossal provedora da vida! De onde brotavam fontes que viravam caudalosos rios. Adornada por suntuosos orquidários. Berçário de todos os animais. Provedora dos frutos da vida.

Makunaíma sentiu-se sozinho no mundo
Modelou da terra os seus descendentes
Soprava entre suas mãos a vida
Surgiram fortes com a cor do urucum…

Valentes nações de pele vermelha. Penas para ornar suas cabeças. Eram os filhos do herói civilizador. Aprenderam todos os ofícios com Makunaíma. Moldavam arcos, flechas e zarabatanas. Cerâmica. A vida era pacífica e boa para todos.

Makunaíma permitia a colheita aos pés de Wazaká
A árvore sagrada nunca deveria ser tocada
Preservando sua pureza original…

Porém, os filhos do grande herói herdaram sua curiosidade. Foi quando alguns dos seus profanaram a árvore da vida. Subiram em seu tronco, arrancaram seus galhos, despetalaram suas flores. Desobedeceram Makunaíma!

Despertando sua ira que escureceu o mundo
Makunaíma castigou os profanadores
Petrificou a grande Wazaká…

Então o civilizador cortou a grande árvore. Tombou seu gigantesco tronco e como castigo legou aos que sobreviveram a necessidade da caça e do plantio para sobreviver. Deveriam combater a fúria das grandes feras. Seriam mortais.

Makunaíma pôs-se a cantar e caminhar para o poente do sol
Foi se juntar ao seu pai e sua mãe no infinito
O tronco de Wazaka virou o Tepuy Roraima…

A gigante serra verde do Brasil. Pois assim contou Piatzán como nasceu o estado de Roraima. Então fiz do conto ancestral dos filhos desta terra a inspiração para nascer o herói às avessas da nossa gente. Que é um tanto índia, branca e negra. É miscigenação de raça e cultura. Brasileiro!

Eu sou Mário de Andrade,
Escritor lá dos Campos de Piratininga.

Ele é Macunaíma,
Que foi brilhar no infinito e virou constelação.

Makunaíma,
Um tanto civilizador do extremo norte
Um bocado herói de nossa gente!

Author: Netto

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