Estreante no Carnaval Virtual, a ESV Grande Furacão do Samba apresentou o enredo que levará para a disputa do Grupo de Acesso II na edição comemorativa dos 10 anos do Carnaval Virtual.
De autoria de Jonas Albuquerque, Marcos Nascimento e Yuri Ferro, a agremiação irá defender, em 2025, o enredo “No compasso do samba, avenida vira quilombo! Furacão canta CHICA MACHADO!”.
Confira abaixa sinopse oficial:
No compasso do samba, avenida vira quilombo! Furacão canta CHICA MACHADO!
1 – O respeito por Chica Machado
Grande mulher, Chica Machado
Símbolo de justiça ao povo algemado
Chica dos pretos, Chica do pobre
Mulher escrava que se tornou nobre
Chica com conduta, cheia de macuta
Não largou por um minuto a labuta
Respeitada por sua munificência
Oh sinhá, com tanta prudência
Mulher, negra e descendente! Lutou não apenas pelos seus direitos, mas garantiu uma vida digna para todos aqueles que se identificavam. Assegurou que a religiosidade, a união e o amor pudessem existir para uma comunidade que vivia em completa desolação.
Chica Machado é símbolo de batalha e de vitória! Chica Machado é a mulher do seu povo!
2 – A fé, liberdade religiosa trazida aos negros
Valei-me, minha Nossa Senhora! Ser livre não era apenas andar pelas ruas. Para os negros libertos, a opressão continuava de outras formas: suas rezas eram vigiadas, seus santos escondidos, sua fé restringida.
Chica Machado entendeu que a liberdade verdadeira precisava de um lar sagrado. No coração de Goiás, nasceu a Igreja de Nossa Senhora das Mercês, um templo onde os negros poderiam rezar sem medo, erguer suas preces sem perseguição e celebrar sua fé com dignidade.
Ali, cada vela acesa era um símbolo de resistência, cada oração, um ato de coragem. O altar tornou-se um refúgio, a fé, um elo de união. Mais que um templo, a igreja foi um marco da história, um espaço onde a espiritualidade dos negros encontrou seu lugar.
Salve os Santos e Orixás que os deram proteção
Mesmo diante de tanta opressão
A fé dos negros não se findou
Suas velas mostravam que a luz não se consumou
Não pararam suas rezas, só a Deus temos temor
O Todo Poderoso nunca distinguiu etnia ou cor
Salve Nossa Senhora das Mercês, que os apadrinhou
Lá em Cocal agradeciam a ela que a liberdade chegou
Foi Chica que os presenteou com uma nova vida
Onde a fé e a união, à salvação, eram a ida
3 -A riqueza mais brilhante que o ouro, a alma repleta de humildade
Entre o brilho dourado das moedas e o peso frio das correntes, Chica Machado entendeu que riqueza não era apenas o que se guardava, mas o que se libertava. Seu engenho não estava apenas na cana que adoçava os banquetes dos poderosos, mas na astúcia de transformar ouro em asas.
Cada alforria que comprava era um novo sol nascendo sobre a escuridão dos cativeiros. Seu nome ecoava como um vento forte nas senzalas, trazendo consigo a promessa de um destino onde os passos não eram guiados pelo estalar do chicote, mas pelo compasso da própria vontade.
Na terra onde o ferro marcava a pele e o sangue regava o chão, Chica fez de sua fortuna um rio que corria contra a corrente, lavando dores, apagando grilhões e semeando liberdade onde só havia desespero.
Ô, que sina! Que mundo mesquinho!
Chica fez ouro virar caminho.
Quebrou as correntes, rasgou a prisão,
fez da senzala um chão de irmão.
Eita destino, que sorte atrevida!
Comprou liberdade, comprou mais vida.
Seu nome ecoa, ninguém mais cala,
riqueza é o som da voz que estala.
4 – A Liberdade: Símbolo de grandiosidade para os menores da sociedade
No tempo em que ser negro era sentença, Chica Machado não aceitou o destino traçado. Com mãos firmes e coração valente, lutou para que seus irmãos não fossem mercadoria, mas gente. Fez da própria voz um grito de resistência, costurando alforrias como quem remenda a esperança.
Mas, e hoje? O que mudou? Se ontem as correntes eram de ferro, hoje são invisíveis – moram na fome, no preconceito, na falta de oportunidade. Dizem que somos livres, mas quem pode voar sem asas? No compasso do samba, a avenida vira quilombo! Porque liberdade não é só abrir caminhos, é garantir que todos possam seguir por eles.
E assim, com Chica nos guiando, o tambor bate forte! Porque a verdadeira grandeza não está em quem oprime, mas em quem luta para libertar!