Estreante no Carnaval Virtual, o GRESV Furiosa Gresilense apresentou o enredo que levará para a disputa do Grupo de Acesso II na edição comemorativa dos 10 anos do Carnaval Virtual.
De autoria de Anderson Rocha, Pedro Machado e Luis Volcanes, a agremiação irá defender, em 2025, o enredo “ONDE RELUZ O OURO, MORA A MÃE PROTETORA”.
Confira abaixa sinopse oficial:
ONDE RELUZ O OURO, MORA A MÃE PROTETORA
Dos confins da terra, onde a floresta murmura seus segredos e os rios cantam memórias, ressurge meu brilho. Bailando no horizonte, riscando o céu com rastros flamejantes feito estrela cadente no anoitecer, sou a guardiã do equilíbrio, juíza dos destinos. Eu sou o fogo na escuridão da noite que flutua sobre os campos e os pântanos, sou a chama errante que guia e ilude.
Os antigos me chamavam de fogo-fátuo, um lampejo misterioso que dança sobre a terra como se tivesse vida própria. Os tupi-guarani sabiam: onde a luz tremula no breu, ali repousam os espíritos que vigiam o destino dos homens. Eu sou a luz que seduz, o feitiço dourado que fascina. Sou a mulher de cabelos reluzentes, a serpente incandescente, a força feminina que protege, o lagarto que verte lágrimas de ouro, o pássaro de fogo.
Minha luz não é apenas mineral valioso — é a centelha da criação, a essência primordial, o poder de quem respeita a terra onde pisa. Povos antigos me reverenciavam como a guardiã
da fartura, pois sabiam que a riqueza deve ser partilhada, nunca profanada. Quem me segue com o coração puro encontra o caminho. Quem me persegue com ganância se perde para sempre.
Sou o encanto e o mistério, o fulgor dourado que hipnotiza e condena. Antes que as mãos dos homens violassem o solo sagrado, antes que a cobiça corroesse o espírito dos mortais, quem busca a riqueza sem respeito encontrará em mim a ruína. Quem entende o valor da terra e dos seus filhos verá em minha luz o caminho. Para os sábios, sou aviso. Para os impuros, sou perdição.
Eis que vieram os invasores, os homens brancos, vindos de outras terras, de olhar faminto e mãos impiedosas. Rasgaram o chão, profanaram a terra, derramaram sangue sobre a riqueza que não lhes pertencia. Vi cativos acorrentados, explorados, espremendo da lama um ouro que nunca lhes traria liberdade. Mas entre eles brilhou a esperança.
Quando um homem de fé e coragem olhou para o ouro sem desejo de posse, mas sim como um meio para libertar-se, eu o vi. No silêncio da noite, soprei em seus ouvidos um sussurro de esperança, guiei seus passos até um veio escondido, uma dádiva suficiente para mudar destinos. Com ele, comprou sua liberdade e a de tantos outros. Pois aquele que honra a terra, a terra retribui.
Mas há aqueles que não aprendem. Quando a ganância, pelas mãos do invasor, rasgou o solo com fúria, cavou sem piedade, exigindo mais — sempre mais — o ouro não se dobrou! O ouro não serve ao egoísmo! A terra se revoltou, o chão tremeu, a mina engoliu os gananciosos. Onde antes havia desespero, agora reina o silêncio. Onde havia ambição, agora há pó.
Sou fúria contra aqueles que se julgam donos de suas companheiras. Aos homens que ousam erguer a mão contra uma mulher, eu rogo minha maldição: que a terra os engula e sepulte sua agressão.
Às minhas filhas, serei sempre mãe que acolhe e protege.
Os séculos passaram, mas a crueldade continua tentando cercear meus domínios. Vejo o garimpo ilegal destruir a floresta, envenenar as águas, violar o ventre da terra. Vejo rios morrendo, vejo povos originários expulsos do próprio chão, vejo homens corrompidos derramando sua fúria nas mulheres a quem, outrora, juraram proteção. Para os que ousam desafiar a terra, ceifar as matas ou violar o sagrado feminino, sou vendaval que arrasta, destrói, sepulta!
Minha luz, antes um aviso, agora brilha como fogo vingador!
Minha voz ecoa como trovão!
Para os que saqueiam, sou assombro.
Para os que violam, sou maldição.
Aos que julgam poder possuir tudo, mostro-lhes o peso da terra que não perdoa.
Dizem que há ouro escondido, velado pelo véu da noite, protegido por olhos invisíveis.
Sim, eu os guardo! Mas não guardo apenas ouro — guardo as florestas que respiram, os rios que correm livres, a vida que pulsa intocada.
O ouro ainda brilha!
A cobiça ainda persiste!
Encantada e vingadora, sou a Mãe do Ouro, guardiã imortal.