GRESV Apoteose lança enredo para o Carnaval 2016

JUSTIFICATIVA

Em seu ano de estreia no Carnaval Virtual, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Virtual Apoteose apresentará o enredo “Mãe-Baiana, Tia do Samba – História guardada na saia rodada”. Prestando uma justa homenagem às grandes mães do samba e do carnaval, carinhosamente chamadas de tias, e que, hoje, formam a mais emblemática ala de um desfile de escola de samba.

Saber a história das baianas é desenrolar sua saia, buscando descobrir a essência ali guardada. É como folhear um livro à procura de conhecimento. Saia essa que estava presente nas taieiras, mulheres pertencentes ao grupo denominado Taieira, o qual, no século XVIII, realizava uma dança-cortejo, de cunho sagrado e profano, em louvor aos santos negros – Nossa Senhora do Rosário e São Benedito.

Das taieiras se originaram as baianas. Com sua ancestralidade africana, as negras remodelaram as características de suas precursoras, aderindo à saia e implementando seus próprios colares, suas guias e seu principal adereço: o turbante. Não demorou muito para que estivessem nas ruas com seus tabuleiros de quitutes, costurando mais uma parte de sua história.

Com o feito da Princesa Isabel, essas mulheres se mudaram para o Rio de Janeiro. “Fundaram” a “Pequena África”, lugar onde se instalaram e trabalhavam para manter o sustento da família. Contudo, de noite, tinha batuque e louvação a todos os seus santos. Desses encontros pessoais e musicais, nasceu o “semba”. E se fez samba.
Ritmo ensinado pelas escolas e abençoado pelas tias baianas, que depois do decreto-lei de 1933, ganharam uma ala em sua homenagem, nos desfiles que aconteciam na Praça Onze. Até a Marquês de Sapucaí, a ala das baianas passou por diversas transformações e, ao longo de sua história, eternizou grandes componentes desse grupo.
Componentes que hoje semeiam o orgulho de ser baiana para todo o Brasil. Encarnam o personagem mesmo fora da avenida. Baianas que, como mãe, passam o legado de geração a geração. Legado oriundo de toda uma essência eternizada na história dessas mulheres. História de luta, resistência e superação, que pela Mãe-Baiana é carregada. E na saia rodada é guardada.

SINOPSE

Trajadas de branco. Umas com flores, outras jarros, até vassouras. Tudo de mais sagrado para limpar as energias daquela pista e deixar bons fluidos para o carnaval que há de passar. Entoam sambas como um canto ao santo, rufam-se os tambores como surdos de marcação. Na mistura afro-brasileira, samba e candomblé, faz-se a lavagem do sambódromo virtual. As baianas preparam sua própria festa: axé!

No desenrolar de sua saia, baiana, é revelada a mais bonita história do carnaval…

Cai a tarde na vila de Nossa Senhora da Purificação e Santo Amaro. É chegada a hora do festejo começar! Enquanto as sinhás viviam enclausuradas na casa grande, o grupo Taieira dançava, cantava e louvava Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. As mulheres, taieiras, tomavam a frente, rodavam suas saias e formavam uma grande imensidão branca, onde somente seus adereços coloridos davam as cores da dança-cortejo.

“Sinhô São Binidito, taiê
São Binidito valei-se
Aqui está sua devota, taieira
Com sua devoça, istarei”

Da janela da mansão senhorial saía um cheiro peculiar que ganharia as ruas. Lá se vão as escravas ganhadeiras, pelos “cantos”, levando seus tabuleiros recheados de quitutes feitos pelas sinhás. De ganho em ganho, compraram a alforria, ganharam a liberdade. Os “cantos”, agora, estavam tomados por ex-escravas, que da comunhão “taieira-africana” montaram a própria característica baiana. É com a saia rodada, turbante na cabeça, pulseiras, colares e guias, que elas ostentam seus próprios tabuleiros.

Vindos da Bahia, ex-escravos fazem do Rio sua nova morada e tiram da bagagem a áurea esperança de uma vida melhor. Outrora Morro da Conceição e seus entornos, agora “Pequena África” e suas baianas. De dia, trabalho; de noite, batuque. Pode chamar todo mundo, que a festa na casa das tias não tem hora pra acabar! Mas acabou. Em samba.

E todo mundo se reúne, ansiosos por ver. É o primeiro ano. Na Praça Onze há de acontecer o primeiro desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. A benção, tia baiana. E a primeira escola faz seu cortejo. A benção, tia baiana. E a segunda escola começa a entrar. A benção, tia baiana. Até que terminam os desfiles. No ano seguinte, novamente, todos se reúnem. Mas, dessa vez, para ver, também, a mais nova ala de um desfile: a ala das baianas. Perpetuada até hoje, após tantas transformações, eterniza grandes personagens do carnaval. Salve Nair Pequena! Salve Tia Alice! Salve Tia Nilda!

Seus cabelos brancos, sua pele marcada, pernas já calejadas, braços sem tanta força. As senhoras baianas carregam uma essência eternizada em todos os seus atos. Elas trabalham, fazem shows, cozinham. Preparam a feijoada que você vai comer na quadra. E em nenhum momento deixam de ser baianas. Passam o orgulho em ser esse personagem histórico para suas filhas, netas, bisnetas. Que também, um dia, irão ser Mães-Baianas e carregar essa saia, pesada, por tanta história ali guardada.

Enrola-se a saia da baiana. E ela sai a rodar…

Author: Netto

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