Imperatriz da Zona Norte apresenta enredo para o Carnaval Virtual 2025

Agora na disputa do Carnaval Virtual, a ES Imperatriz da Zona Norte apresentou o enredo que levará para a disputa do Grupo de Acesso II na edição comemorativa dos 10 anos do Carnaval Virtual.

De autoria de Mauricio Lanner, a agremiação irá defender, em 2025, o enredo “Mukuiu Nzambi – O encontro do caboclo com o nkissi”.

Confira abaixa sinopse oficial:

Mukuiu Nzambi – O encontro do caboclo com o nkissi

Nota do autor: O termo “índio” está em desuso no português pelo seu tom pejorativo, apesar disso, peço a licença para uso do termo, em respeito ao meu pai Sultão das Matas por ele mesmo se referir a si como índio. No texto a seguir o termo será usado entre aspas para evidenciar a consciência de seu uso.

Mukuiu Nzambi – O encontro do caboclo com o nkissi

A IZN vai apresentar na passarela virtual em 2025 o enredo Mukuiu Nzambi – O encontro do caboclo com o nkissi. Nessa narrativa viajaremos pelo universo da Nação Angola, o culto a ancestralidade com a figura do caboclo e sua relação com os Nkissis, numa narrativa encantada sobre o universo bantu. Muito axé a todos e Nzambi ua Kuatesa.

Ô, dá-me licença, ê
Ô, dá-me licença
Alodê Yemanjá ê
Dá-me licença
Canto caboblo – Autor desconhecido

Setor 1 – Catimbó encontra o bantu 

Logo oficial do enredo

É no pé da juremeira, que se acende a brasa para defumar.
É no pé da juremeira que curte o vinho da Jurema.
A mais antiga religião do Brasil.
Nossas origens estão no catimbó, índio tupi que preserva sua ancestralidade.
“Índio” de pena, encantado, catimbozeiro da jurema.
É fumaça, é brasa, é vida e sabedoria que brota nas plantas.
É toré, é pajelança, é babaçuê, é encantaria das matas.
Catimbó é a energia dos caboclos, o mais ancestral das nossas raízes.
A Calunga Grande faz sua travessia.
Forçados a deixarem sua terra, os bantus se organizam no Brasil.
Unidos pelo ideal de liberdade e preservação de cultura, o povo bantu se unem para louvar seus Nkissis.
É o povo do Congo, é o povo de Angola.
E aqui nessa terra eles encontram o seu verdadeiro dono desse lugar, dono da ancestralidade Brasil.

Setor 2 – O Caboclo

Deus vos salve, aldeia!
Deus vos salve!
Deus vos salve este nosso canzuá!
Deus vos salve, aldeia santa!
Salve todos os orixás!
Obaluaê e a rainha do mar!
Saudação Aos Orixás – Matheus Aleluia

Foi durante as batalhas pela independência do Brasil que essa figura ganhou destaque.
Nasce o sol aos caboclos de julho.
Caboclos das batalhas, independente, resistente.
Muitas vezes associado a miscigenação, e porque não?
O mais brasileiro dos brasileiros. Resistência e força popular.

No sertão, o sol castiga.
É Bantu e é caboclo.
O boiadeiro é escravizado dos grandes latifundiários.
Mas também é resistência, é sobrevivência a seca, a fome.
São rezadeiras, benzedeiras, símbolos da sabedoria ancestral.
A força dessa miscigenação está no sangue de cada caboclo desse Brasil
Cada Brasileiro que leva em seu sangue o indio e negro
É a força da jurema com a bandeira de tempo ao seu pé
A força Angola Brasileira.

Setor 3 – Candomblé de angola

“Na minha terra brilha o sol
Também brilha a lua
Oh! que tempo é esse meu Deus
Olha o Tempo
Olha a lambada makura dilê
Olha ê o Tempo
Olha a lambada makulê”
Barravento a Tempo – Autor desconhecido

O pajé se une ao Tata, nascendo assim a Nação Angola.
Ergue-se a bandeira branca de Tempo.
O caboclo encontra-se com o Nkissi.
São os protegidos de Nkossi.
São filhos das matas de Katendê.
Alimentados pelas caças de Mukatalambô.
Curados pelas palhas de Kavungo.
Banhados pelas chuvas de Angorô.
Guiados pelos ventos de Matamba.
É onde Zazi nos traz a justiça.
Onde Dandalunda traz o ouro.
Onde Kaiaia traz a pesca.
Sobre a lama de Zumbaranda.
Refrescados nas águas de pai Lembá.
Nasce assim uma grande nação.
Grandes nomes se tornam referências no candomblé.
Tata Kinunga, um dos pioneiros ao culto.
Tata Londirá, o maior propagador do angola.
E tantos outros que levaram nossa nação chegar aonde chegou.
É onde o caboclo faz sua reza, traz a sua cura.
É onde Angola e Brasil se encontra no culto pela ancestralidade
É onde o Brasil se faz ainda mais brasileiro.
Viva o povo de Angola.
Viva ao Povo Bantu.
Viva nossos índios.
Viva ao candomblé, a mais brasileira das religiões.

“Lá do alto eu ouvi
O canto do azulão
Toda mata chora eu vi
Quando o sultão das matas vai embora”
Despedida de Sultão das Matas – Autor desconhecido

Com as bençãos de Pai Nzambi

Mukuiu Nzambi!

Author: Lucas Guerra

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