15ª colocada do grupo na edição passada, o GRESV Império do Rio Belo apresentou o enredo que levará para a disputa do Grupo Especial, na edição comemorativa dos 10 anos do Carnaval Virtual.
De autoria de Marcos Felipe Reis, a agremiação irá defender, em 2025, o enredo “O malandro e o rei”.
Confira abaixa sinopse oficial:
O malandro e o rei
Justificativa
Essa é uma história, um conto meio fictício e meio realidade para muitos operários da grande festa que é o carnaval. Tudo começa com um sonho, um desejo latente que nos enche de alegria, entusiasmo e esperança. O Império do Rio Belo, nestes 10 anos de Carnaval Virtual, se debruça nos desejos e emoções causadas pelo carnaval para que a gente não se esqueça do que nos trouxe até aqui, mesmo que o mundo tente apagar.
Sinopse
Capítulo1-Ànoite,tudosetransforma
Em uma noite qualquer, em meio ao silêncio de casa, estava tão escuro que parecia um grande buraco negro devorador de criancinhas, que intimidava até a lua. Mas ao longe era possível ver resistindo um pontinho de luz que iluminava a escuridão. A luzinha continuava firme e resplandecia em uma sala, onde brilhava uma pequena televisão na frente de um menino. Era noite de carnaval. A noite, impaciente, tentava avançar e adormecer a criança, que por sua vez queria vencer o silêncio para não incomodar os pais e continuar vendo seu sonho: os desfiles das escolas de samba. O brilho da televisão, que focava nas pedras de fantasias e alegorias e nos balangandãs das baianas refletiam nos olhos do pequeno folião. Eis que de repente ouve-se um grito para desligar a televisão. A criança então, entregou os pontos e foi dormir. Pediu para mim, seu malandrinho amigo, que seus caminhos fossem abertos, abençoados e que um dia ele pudesse ver tudo aquilo pessoalmente.
Capítulo 2 – Carnaval de rua
Um tempo se passou, vários carnavais iam e viam e o nosso menino cresceu. Com ele, a vontade de descobrir esse mundo de encantamento da folia. Conseguiu então ir às ruas de sua cidade para acompanhar as festividades e lá encontrou uma outra forma de carnaval: o carnaval de rua. Ao longe, vê um homem com uma roupa branca, chapéu panamá, gravata borboleta, pés descalços e cerveja na mão: estava vestido como um malandro. O menino não acreditou no que viu. Então, o malandro esticou-lhe o braço e o chamou para dar uma volta pela rua. Lá ele viu uma multidão de pessoas indo e vindo com as mais diferentes fantasias: anjinhos serelepes, diabinhos sapecas, caveirinhas dançantes, bailarinas de tule, marujos com suas cachaças, reis e rainhas de todo tipo. Dava pra ouvir uma bandinha tocando marchinhas enquanto o sol bronzeava e os confetes coloridos insistiam em cair. O menino gostava daquilo, mas ainda se sentia meio incompleto. Então, ao olhar para o céu, o menino avistou um avião que o sobrevoava e teve o estalo de viajar em busca de seu carnaval. Quando voltou a olhar para seu lado, o malandro já não estava.
Capítulo 3 – Em busca do meu carnaval
Os meses se passaram e a ansiedade pelo novo guiou nosso menino até o tão esperado dia: o embarque para a viagem, a ida para um grande carnaval. E foi seguindo país adentro, pelos reinos de carnaval. Viu o barão e a baronesa Salvadores no esplendor de sua negritude, saudou visconde e viscondessa dos Recifais marinhos, admirou a realeza O-linda pernambucana, viu o desfile dos marqueses Vitoriosos pela península e terminou na terra dos duques da Pauliceia de pedra. Porém, por mais que se encantasse com a festa, ainda faltava algo, aquele encanto que o fissurava quando criança.
Capítulo 4 – Enfim, a apoteose do carnaval
No desembarque de seu último destino, o folião conseguiu vislumbrar ao longe um brilho metalizado e seu coração já acelerou. Ouviu os batuques e sentiu todo o calor do verão. Era o grande povo mergulhado em festa, onde o sagrado e o profano andavam lado-a-lado. Viu também uns palhaços fazendo arte com suas bolas, parecendo verdadeiros guardas da folia, assustando crianças desavisadas e fazendo caretas por onde passavam. Nas ruas, as figuras geométricas de outrora dão lugar ao grande cacique disputando poder com a onça brava, enquanto a bola preta se ajeitava no suvaco do cristo. Enquanto a Banda de Ipanema passava cantando coisas de amor. Tudo que já havia visto parecia se juntar em um grande baile, que deságua numa apoteose de paixão. E lá estava: o paraíso da folia, o delírio carnavalesco de um grande reino em festa.
Capítulo 5 – O sonho se torna realidade
A concentração já se aproxima, se agita e se agiganta. Os carros começam a aparecer, acender e se povoarem. Os brincantes de carnaval se juntam esperando a grande sirene gritar pela liberdade dos sonhos. E ela acontece! Toca a sirene, o samba começa a tocar, a emoção transborda aos olhos de desfilantes e público que empoleira nas arquibancadas, enquanto em alguns minutos o espetáculo acontece. Plumas se misturam em alas, luzes, papeis e bolhas de sabão saem dos mais diversos carros levando o público ao êxtase. As baterias tocam, param em bossas, enquanto a comissão de frente e o casal reverenciam seu pavilhão. Lá no alto, na sagrada encruzilhada do folião, um carro de malandro enorme vira e nesse momento o menino lembra de sua prece quando criança e se sente realizado, de caminho aberto e ansiando mais. E ali, como todo folião, ele se sentiu o rei daquela folia. Entre tantos, era mais um coroado das ruas, avenidas e esquinas.
Capítulo 6 – Para tudo NÃO se acabar na quarta-feira
O carnaval se encerra, a tão temida quarta-feira se aproxima e nosso garoto se vê em um vazio, temendo as cinzas. E agora? O que fazer? Quais rumos tomar? Quando as luzes do sambódromo se apagam e as cinzas da quarta chegam de carona pelo vento, outra magia acontece: Os pontinhos escuros se iluminam e se transformam em pequenos pixels, revelando a Ponte que lhe faltava, o caminho do Progresso para se manter foliando o ano inteiro. Sua Mocidade encontrava esse moderno carnaval em Flor numa outra tela, que às vezes se aprumava feito Águia no meio da Bohemia, rumando da Amazônia ao Cruzeiro do Sul, numa folia
Imperiana do samba. Agora, se sentia num eterno Setor 1, aprimorando em seu Recanto de Bamba. Viu de perto as cinzas da morte da folia, mas se deixou levar no traço genial e nos delírios de um jovem também sonhador que desaguou no Rio Belo dessa paixão foliã. O menino sorriu, agora viveria a eternidade virtual da magia momesca.
Para todos aqueles que chegaram até aqui e se identificaram, o malandro que aqui vos contou essa história deixa-vos uma mensagem:
“Minha eterna criança foliã! Hoje, você se torna aquilo que sempre sonhou: um rei da folia! Aqui, todos aqueles que brincam se tornam reis e rainhas de seus sonhos e desejos, vivendo a cada ano a realeza de suas fantasias. Não se esqueça da energia de Momo que encanta o povo, que abre caminhos para manter seus sonhos vivos. Não deixe de lado a malandragem e a alegria dos carnavais e sempre que pensares no fim, lembre que a sirene irá tocar e um novo desfile sempre há de começar…”