Simpatia Real apresenta enredo para o Carnaval Virtual 2025

Retornando ao Carnaval Virtual, o GRESV Simpatia Real apresentou o enredo que levará para a disputa do Grupo de Acesso II na edição comemorativa dos 10 anos do Carnaval Virtual.

De autoria de Theo Neves e Felipe Camargo, a agremiação irá defender, em 2025, o enredo “PIRAPUAN”.

Confira abaixa sinopse oficial:

PIRAPUAN

O que a G.R.E.S.V Simpatia Real vai contar tem um pouco de realidade e ficção, guardando em si algo profundamente verdadeiro.

No silêncio imenso do azul, uma criatura invade.
O barulho ocupa seus ecos do passado, os ruídos dos que são iguais a mim.
Alguém ainda me escuta? Navego no descaminho contra correnteza, meu destino.
No fundo do mar, na beira do rio…voltou à terra para me afogar em noite sem fim.
Não há mistérios… posso enfim me encantar. 

Ritualística zoomorfa 

O mundo se transforma a cada detalhe, na pele ao chão, na dor, na dúvida, na descoberta. A cerâmica nos conta que em nossa ancestralidade, o Tapajós era monumento, fluidez e encantaria. Era na cerâmica que retratava os detalhes da vida e seus rituais. Ali se registrava que os antepassados eram zoomorfos. Os indígenas e a natureza seguiam no mesmo ritmo. Se dedicam, dia a dia, a viver na harmonia que Guaraci, bola de fogo, e Jaci, bola de prata, abençoavam. A mulher se enveredava no sagrado; xamânica, se entregava ao alucinógeno ritual de reencontro com os deuses. Era o chamado da transformação dos seres da natureza; evocavam os deuses procurando se transformar em outros seres, buscando encontrar a forma plena de enxergar a existência. Viravam lendas, trocavam de pele, mudavam seus corpos, se convertiam em animais. em troca de pele zoomórfica, conectando em vida o chão e o céu, tal como Anhangá. Voaria, rastejaria, nadaria, sob outras formas que não a carne e ossos próprias; onça, borboleta, gavião, jacaré, tatu, mico leão, uirapuru, tracajá, pirarucu e tucano. 

O encontro das águas

No encontro das águas, mais ao norte do grande Tapajós, doce e sal, rio e mar, se tocavam. Ali reside o casamento de reinos submarinos. São nas proximidades dos rios que nós descobrimos como criar vida para além da humanidade, percebendo a vida vegetal que nos rodeia e aprendendo que a lama é vida. Quando Guaraci brilhava sob as cabeças logo ao amanhecer, para lá partiam indígenas, rumo a mais um ritual comum de seus dias: enfrentando medos, adentram nos igarapés e bocas das matas para buscar a carne branca que serve de alimento; é na pesca que o ser aprende a se conectar com as águas.

Logo oficial do enredo

   

O reino dos bichos do fundo: a estranha aparição

Naquela manhã de pesca, avistou-se o inusitado. Para espanto geral, mergulhado no rio e vindo de seu casamento com o mar, um corpo grande, denso, extenso, coberto de folhas, cascas e mais. O que era? Difícil decifrar. Cortava as águas com força e assustava quem via.

Algum pirarucu encorpado ou um gigante jacaré? Talvez o mais abusado dos botos? Ou aparição divina, como a própria Iara, Ipupiara ou Boiuna a maior das cobras grandes? Se fosse Boiuna, a fuga não seria o bastante para os indígenas curiosos ao longo do igarapé.

O encanto de Pirapuan

Pouco decifrável, o corpo seguiu continente adentro pelo Tapajós; as águas do monumento, agitadas como nunca, rejeitavam a aproximação dos indígenas que, por temor e imprudência, tentavam alcançá-lo. O medo rodeava e a curiosidade, tomando a mente dos indígenas e dos curumins, amontoados às margens do rio. As mulheres partiram então a seu ritual sagrado; foram ter com Anhangá a transformação e a resposta.

Descobriram, elas mesmas convertidas em tucunarés, que era Pirapuan aos olhos que nunca a tinham visto. O ser dos mares, corpo gigante, estava lá em cauda, cabeça e couro. Era mensageiro encantado, para que jamais esquecessem do poder da transformação: o mundo um dia se tornará féu e todos nós nos tornaremos encantarias, guardados pelo próprio Tapajós.

No retorno às margens, quando Jaci prateava as faces, as mulheres de conhecimento sagrado viram Pirapuan saltar sobre suas cabeças, manifestando o inacreditável. Dali para um novo dia, quando Guaraci tomava conta, Pirapuan desapareceu, deixando apenas seu encanto para quem jamais esqueceria.

Autores do enredo:
Felipe Camargo e Theo Neves.

Texto:
Felipe Camargo. 

Author: Lucas Guerra

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