Vice-campeã do grupo na edição passada, a Sociedade Águia Real apresentou o enredo que levará para a disputa do Grupo Especial, na edição comemorativa dos 10 anos do Carnaval Virtual.
De autoria de Marcos Felipe Reis, a agremiação irá defender, em 2025, o enredo “A Lenda que Dança”.
Confira abaixa sinopse oficial:
A lenda que dança
Justificativa:
A Sociedade Águia Real nos convida a embarcar em um voo metafórico, onde a cultura se revela como um tesouro compartilhado. Este tesouro é repleto de histórias e tradições que nos convidam a sonhar e celebrar.
A lenda do Saci Pererê é um testemunho da diversidade cultural do Brasil, refletindo as contribuições indígenas, africanas e europeias que compõem a rica tecelagem do folclore brasileiro
Assim, na avenida, a história é contada, com dança e alegria, a alma é encantada e satisfaz o olhar.
“Olerê , lelê, lelê, eu vou cantar pra você
A história do Saci Pererê, Pererê Pererꔹ
Abertura – Mistérios da floresta
No meio da floresta encantada, coração das florestas brasileiras, onde o vento sussurra segredos e o nome do mistério. Dos bambuzais guaranis, ele surgiu; filho da lua, conhecedor das ervas, guardião das matas: A lenda que dança.
Menino? Pássaro? Ventania ou travessura? Ninguém define ao certo. Trata-se do Saci, uma figura mítica encantada, que num redemoinho, na dança que o vento o conduziu, se torna espírito travesso rodopiando, pulando em saltos encantados.
“Pererê, Pererê, Pererê, Pererê
É o moleque Saci Pererê
Oi, se não acredita venha cá, venha ver
É o moleque Saci Pererê
Pererê, Pererê, Pererê, Pererê
É o moleque Saci Pererꔲ
Parte 2 – Menino mandingueiro
Da África trouxe a força, a magia, de um povo que resiste e celebra. Ganhou um gorro vermelho, que o conectava com Exu, divindade dos caminhos e por vezes representado com travessura e astúcia. A travessura é o dom que contagia, a defesa contra os maus espíritos que querem jogar agouro em suas florestas.
Dizem que seu cachimbo guarda o segredo das ervas, que bafora confundindo seus inimigos. Para alguns povos, a figura que temos do Saci se aproxima à de Aroni, companheiro de Ossain por entre as grandes matas. Andava por aí na magia das ervas, encantando os ventos e fazendo um verdadeiro balé das folhas. Para atraí-lo, basta oferecer um fumo dos bons e uma garrafa de marafo, que logo ele se aproxima para ver. Menino moleque, que dá risada dos moço desavisado.
“Ehê, he, tá na hora de luta Camará!
Ehê, he, tá na hora de canta oi Iaiá!”¹
Parte 3 – O europeu que roubou-lhe a perna
Contam outros povos africanos sobre Saduci, príncipe conhecido por sua bravura e força. Uniu uma legião de adoradores, tornando-se um grande líder. Mas o invasor europeu, em seu ímpeto de ganância, entra em terras africanas e tenta escravizá-lo junto de sua família ao invadir suas terras. Na tentativa de furtar-lhe sua existência, seu chapéu vermelho agora simbolizava a inquisição por ser essa aversão aos bons costumes europeus. Europeu este, que tentou demonizar o pobre garoto, associando-o ao trasgo, temido duende de suas terras que possuía a mão furada e fazia maldades com as pessoas. Tentaram escravizá-lo, porém conseguiu escapar, mesmo que lhe custasse uma de suas pernas durante uma luta de capoeira.
“Foi aí que eu lembrei da história sobre o lendário saci pererê
História que contava benedita minha vó
Sobre o saci pererê que pulava em uma perna só”²
Parte 4 – Quem é lenda é sempre lembrado
E o que aconteceu com o Saci? Virou lenda, transformou-se em nosso duende genuinamente brasileiro! Dizem as lendas que existem vários sacis, que eles podem viver até 77 anos e quando se encantam, viram cogumelos venenosos.
Há quem tente aprisionar ele com uma peneira e assobiando em sua intenção, mas o moleque é esperto e “perna pra que te quero”. E se “a carapuça servir”, quem consegue pegar o gorro vermelho tem direito a desejos realizados. E não se meta com ele não, pois “em briga de saci, qualquer chute é voadora” e não pensará duas vezes antes de azedar o leite, dar nó ou trança na crina de cavalos, sumir com seus objetos. Êta menino levado, “consegue até embaçar parabrisa em noite de lua cheia”. Mistérios por toda parte, que se misturam como roda viva de redemoinho.
Parte 5 – Viva o Saci!
A cultura floresceu e o Saci, com sua ginga, aqui se refez. Saltando e sambando, sua história ecoa e no coração do Brasil, ele voa. Oh, Saci, com alegria e malandragem, celebremos juntos, com muita traquinagem. Ele se transforma, ganha novas cores, na dança da história, não para de girar. No folclore brasileiro, é um tributo. O ritmo incendeia, na roda de samba, ele é a centelha da identidade nacional.
E agora, nos braços da Águia Real, Saci é grande. Com um sorriso maroto, ele nos faz sonhar, mostrando que a cultura é nossa, é pra celebrar.
E assim no carnaval, ele comanda, a alegria do povo, a festa animada.
Citações e referências:
BUBU TANTAN – O UNIVERSO DAS CIêNCIAS PARA CRIANÇAS (Brasil). Butantan. Dia do Saci: conheça a história não tão doce, mas cheia de travessuras da lenda do folclore brasileiro. 2023. Disponível em: https://butantan.gov.br/bubutantan/dia-do-saci-conheca-a-historia-nao-tao-doce-mas-cheia-de-traves suras-da-lenda-do-folclore-brasileiro. Acesso em: 23 jan. 2025.
TRI CURIOSO. A triste verdadeira história de Saci Pererê – FELIZ HALLOWEEN! 2017. Disponível em: https://www.tricurioso.com/2016/10/31/triste-verdadeira-historia-de-saci-perere-feliz-halloween/amp /. Acesso em: 23 jan. 2025.
Citações de músicas:
¹- Música “Saci na capoeira” – Marcia Mah
²- Música “Moleque saci” – Mestre barrão