Acadêmicos da Primavera cantará Obá II no Carnaval Virtual 2022

Pavilhão oficial da agremiação

Atual vice-campeã do Grupo de Acesso 2, a Acadêmicos da Primavera divulgou o enredo que levará para a disputa do Grupo de Acesso 1 do Carnaval Virtual 2022.

A escola de Duque de Caxias/RJ cantará o enredo “Obá II! Rei, Negro. Príncipe do Povo”, de autoria do seu presidente Luiz Araújo e Tiago Wendel, novo carnavalesco da agremiação.

Confira abaixo a introdução e sinopse do enredo:

“OBÁ II! Rei, Negro. Príncipe do Povo”

Introdução:

Negritude! Força! Raça! Realeza!

Em 2022 a Acadêmicos da Primavera incorpora sua alma africana e traz pra avenida virtual um dos personagens mais emblemáticos do Rio de Janeiro e da história negra (esquecida e apagada) do Brasil.

Usando seu nome para falar de resistência, luta, intelectualidade negra e saber ancestral, o Gavião Tricolor vai contar a história de Cândido da Fonseca Galvão, seu senhor regente: Dom Obá II.

Príncipe Guerreiro, descendente da dinastia negra da cidade de Xangô, veterano da guerra do Paraguai, vagante da Pequena África no centro Carioca, Político, Embaixador: REI.

Dom Obá II era crioulo de muitas faces, monarquista e revolucionário numa época em que um negro não era aceito em nenhum dos dois espaços.

Garboso, de grande pomba, era reconhecido de longe por suas vestimentas de luxo. Referenciado por seus súditos, o povo da rua, da malandragem, negros libertos e escravos. Era senhor sim, de si mesmo, da sua liberdade e da busca pela dos seus semelhantes. Era senhor das palavras e das lutas, primeiro ícone do Movimento Negro Brasileiro.

Dom Obá II gritava resistência, e nesse ano, a Acadêmicos da Primavera vai gritar junto com ele.

AXÉ!

Sinopse:

Logo oficial do enredo

Laroyê!
Abram Caminho, quem vem lá é o Rei;
Rei de Rua, De Povo, De Raça;
É ele sim, nosso coroado rei de farrapos;
No seu corpo corre o sangue real;
O sangue de Xangô, de Oxum, de África matriz;
É dessa origem realeza, monárquica, corte africana;
Quem vem batizada no tambor;
No trono majestoso de Oyó, o reino maior dos negros;
É trovão, raio e força na cidade de Xangô;
Kaô Meu Pai!
Guie os caminhos do teu povo;
A nova terra, novo sofrer;
Bahia de Todos os Negros, todas as dores, todos os males da raça;
Lá se vendeu realeza;
Lá nasceu a esperança;
Nascido do corpo do teu pai, o rei Obá;
Vinha ele, senhor futuro dos esfarrapados;
Sabedor das letras, das palavras, da ciência;
Nego inteligente que assustava brancos e rivais;
Intelecto, saber, movimento, OGBON!
Se fez também guerreiro, soldado, oficial, herói;
Ferido na guerra, retorna a pátria;
Se faz carioca, senhor das ruas, mestre dos exilados, esquecidos, abandonados;
Pequena África, Grande África. NOSSA ÁFRICA;
Conquista respeito, renome, recomeça;
Amigo do rei, conselheiro, fiel;
Advogado, Político, Embaixador, MILITANTE;
Faces inúmeras de um homem infinito, negro resistente, que não se resumiu a sua pele, e sua cor;
Foi mais;
Mais pra lutar pelo seu povo;
Mais pra se tornar símbolo;
Foi maior, gigante, foi príncipe e ACIMA de tudo, FOI REI;
Rei guardado na memória, Rei Guerreiro, Rei Político, Rei Revolucionário;
Rei que caminhava entre pobres, farrapos, ricos, fidalgos;
Todos iguais;
Rei de luxo e pomba, de fraque, cartola e bengala;
Rei, de fato;
Da Negritude;
De Oyó;
Do Rio;
De África;
Do Brasil;
Rei do Quilombo Primavera, da alma negra ancestral, axé;
Salve Obá II!

Author: Lucas Guerra

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