Conheça o enredo da Serpente de Ouro para o Carnaval Virtual 2022

Pavilhão oficial da agremiação.

A vermelho, branco e amarelo ouro de Tanabi, interior de São Paulo, chega ao Grupo de Acesso 1 apresentando o enredo O Puro Voodoo: De Benin a Nova Orleans, No Haiti, à revolução negra, de autoria do texto de sinopse Murilo Polato, e como pesquisador e carnavalesco, Lucas Carneiro. A escola paulista é presidida por Antônio Gabriel Rodrigues Nilo.

A escola apresentará mais a frente a sinopse, e alerta aos compositores as regras de seu concurso de samba-enredo:

  • Os compositores devem enviar os refrões em negrito
  • Enviar o áudio do samba com no mínimo uma passada de samba completa
  • Os compositores terão 3 sambas referências para sua inspiração, mas podem apresentar seus sambas conforme sua liberdade poética. Os 3 sambas referências são: Império de Casa Verde 2003, União da Ilha do Governador 1998 e União da Ilha da Magia 2016
  • Os compositores devem usar pelo menos sete das palavras marcadas em negrito na sinopse
  • A data final de entrega está em aberto
  • Para mais informações, basta chamar o carnavalesco Lucas Carneiro pelo whatsapp: (11) 95746-0162.

Confira a justificativa e sinopse da agremiação:

Justificativa

O Grêmio Recreativo Escola de Samba Virtual Serpente de Ouro apresenta para o carnaval virtual 2022 o enredo “O Puro Voodoo: De Benin a Nova Orleans, Haiti e a revolução negra”, trazendo o culto ao vodu como resistência do povo negro, que carregou em si: ancestralidade, preconceito e expressão religiosa. Que os cultos promovidos em Santo Domingo ganhem luzes de tolerância, e sejam símbolo de novos rumos de paz, sem temor.

Sinopse

Acorde, povo de Benin, e venha ouvir
Vem ouvir a história que carreguei da cabeça até aqui
Relatos que o navio tentou contravir
Povo de Daomé, escute agora
As narrativas que navegaram mundo à fora.

Antes de tudo, Zangbeto a noite observava
De um longo breu , fez-se luz, e lá surgiu vida
Bon Dieu dessa imensidão fez com que em duas luzes fossem trazidas
E a Terra, iriam preservar
As primeiras formas em Serpente reluziam
E esses seres, o mundo conduziam

Logo oficial do enredo

Partindo das serpentes, o criador resolveu a vida ampliar
E duas origens para a vida equilibrar
Pewto e Rada, da terra fariam moradia
Uma sobre noite, a outra sobre o dia
De bravos ou de calmos
Os rumos da história, despontava-nos

Damballah e Wayda surgiram junto ao céu
Para mostrar que a vida ali se deu início
Os loas seriam seu guia essencial
E ao final, um grande arco-íris surgiu descendo o branco véu

Assim, as avós de nossas avós as contaram
Que o destino havia se iniciado
Mas o que os ancestrais não tinham esperado
Um longo destino de dor, a eles planejaram

A diáspora dói, machuca e maltrata
Um povo que por sua cor tem a existência ingrata

Mami Wata viu nosso destino navegar
Com a escravidão, muitos irão segregar
Sua cultura, tentarão esmaecer, e, quem sabe, embranquecer
Mas a resistência não deixou esquecer, mesmo escondido, fez-se conhecer

De nossa África fomos arrancados
E ao escravo trabalho, alocados
Em Américas, essa sina se inicia
Em Canaviais, a branquitude favorecia

Nossa religiosidade foi criminalizada
Nossa expressão hostilizada
Nosso povo, tentaram catequizar
E a branca cultura, acatar, adorar e reverenciar

Apesar da força, nosso povo um dia se levantou
E uma revolução Mackandal planejou

Um Crioule atravessou a imensidão
Trouxe consigo inspiração
E ideias francesas fizeram revolução

Ofertaram aos seus loas o que lhes pertencia
Em busca de um novo destino que ali se geria

Boukman então uma reunião organizou
Ali ouviu, rezou e ao seu povo ofertou
Um porco pela fé sacrificado

Na Nação de Ogum meu povo lutou
Na Nação de Dantor meu povo saudou
Em busca de um novo ideal de realidade
Dançaram para cultuar sua ancestralidade

Não queremos mais ser cativos de senhores
Não iremos mais aceitar os açoites
Uma guerra contra o forte aparato francês.

Mas, o Bom Senhor que fez o sol nascer
E tudo resplandecer
Vigia e observa a branca maldade
E guiará o povo em busca de liberdade

Dobra liberdade nesse chão
Revoltas , poderes e líderes de uma nação
A Boa vontade do estrangeiro
Assim como intriga e o Interesse
Fizeram uma nova Diáspora ser uma opção

A negra influência da américa francesa
Invadiu a da ex-colônia inglesa
Graças a uma mulher poderosa
Que ficou conhecida devido a sua influência valerosa

Temida, mas procurada era aquela curandeira
Seu nome era Laveau, mais conhecida como a grande rainha

Com galos e bodes purificava
Na praça do Congo, sua fé, professava
Entre ervas e rezas da “Viúva Paris”
E a clientela tinha nela diretriz

Levou um tempo para conhecerem nossa cultura
Ganhou ares de magia, feitiçaria e loucura
Diziam coisas aterrorizantes
Tudo lenda, somos apenas praticantes
De uma fé religiosa
Que tratam até como doença contagiosa

E assim, o vudu fez história
Marcou em muitos na memória
Uma lenda que foi chamada de assustadora
Ou será o racismo que é sua motivadora?
A Serpente com coragem vem contar
Que é apenas mais uma fé a respeitar.

Author: Murilo Polato

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