Unidos da Coroa de Momo apresenta enredo para a sua estreia no Carnaval Virtual 2022

Fazendo a sua estreia na folia virtual, o GRESV Unidos da Coroa de Momo apresentou o enredo que levará até a passarela virtual, pelo Grupo de Acesso II, do Carnaval Virtual 2022.

Pavilhão oficial da agremiação

A vermelho, branco e dourado do Rio de Janeiro/RJ irá defender o enredo “Pátria do Cruzeiro do Sul, o coração do mundo! O último Império, reinado da paz!”, que será desenvolvido pelo seu presidente e carnavalesco Felipe Costa.

Confira abaixo a sinopse do enredo:

Pátria do Cruzeiro do Sul, o coração do mundo! O último Império, reinado da paz!

ARGUMENTO RESUMIDO

Diversas são as narrativas que imprimem a versão oficial ao contar a história de nosso achamento e delas já temos todas decoradas.  Este enredo é uma abordagem não-oficial dessa história, livre-inspirado, enquanto mensagem final, na obra “Brasil, coração do mundo, Pátria do Evangelho”, lançada em 1938 por Chico Xavier, junto a outras fontes de inspiração/referências – as duas primeiras cartas do embrião de nosso país –  que corroboram ao criar ares de legitimidade, de certo modo, por mais que não seja o objetivo, à imagem de uma terra predestinada, defendida tanto por doutrinas religiosas, quanto reforçada por vezes no imaginário de sua população.  Pois sendo nossa esta história, delírio ou crença, acreditemos, pois, que fomos desde o início “Abençoados por Deus”, e por Ele temos uma grande missão a cumprir, quando no novo milênio desafios cruciais se estabelecerem.

SINOPSE

I  – TENS UMA MISSÃO A CUMPRIR!

Contam que no final do século XIV, uma corte de anjos desceu junto ao Cristo em uma de suas últimas passagens na Terra, a fim de verificar os progressos materiais e espirituais da humanidade. Tamanha miséria de uma Europa ainda vivendo os reflexos da Idade Média e os horrores das guerras “santas”, fez com que Ordenasse uma missão: expandir os Ensinamentos perdidos em terras distantes; lá encontrariam povos originários e proveitosa deveria ser a troca de crenças, saberes e valores. Este lugar também deveria ser um “coração espiritual” para o mundo, assim como a aparência de sua forma geográfica, resgatando almas renegadas, oprimidas ou errantes, corrigindo os equívocos milenares. Toda a potência do encontro destes povos seria capaz de gerar feitos incríveis, promovendo o início de novos tempos…

II – O CÉU GUIOU O CAMINHO

“(…) sob a luz misericordiosa das estrelas da cruz, ficará localizado o coração do mundo!” (XAVIER, 2019, p.17)

Quando 13 naus saíram de Lisboa em 9 de março de 1500, numa expedição ambiciosa, com destino final em Calicute, muito já se imaginava sobre as possibilidades de territórios desconhecidos, e o ímpeto por novas descobertas dominava o pensamento europeu.

Partiram os navegantes sob o comando de Cabral. Na viagem, nem monstros fantásticos, nem tempestades tenebrosas. Registros da época relatavam calmaria onde antes era temida a travessia nessas águas.

Fundamental nas navegações guiadas por astrolábios, o céu guiou o caminho brindando a viagem com noites estreladas. Tão estreladas que uma constelação marcou a chegada da frota, em 22 de abril de 1500. Isso porque o bacharel e físico Mestre João, ao longo da rota, percebeu que as novas terras ficavam perfeitamente sob uma luminosa constelação. Ela, por sua vez, formava o desenho de uma Cruz no céu e bastou para o tripulante redigir uma carta dias após o achamento, enviada à Dom Manoel I, descrevendo o tal lugar que ficava aos pés do que hoje conhecemos pela Constelação do Cruzeiro do Sul. Mesmo já avistada desde a Antiguidade, era a primeira vez que a Constelação havia sido perfeitamente descrita e documentada!

Do céu, o sinal maior do divino, a Cruz; dos céus, era como o Divino guiasse o caminho pelos mares calmos!

III – PARAÍSO NA TERRA!

Ao atracarem, a visão do Éden prometido! Certos de que estavam diante de um verdadeiro Paraíso na Terra, o mesmo tão difundido em literaturas do Velho Mundo: a natureza exuberante, as árvores de uma variedade verdejante sem fim, o colorido animalesco exótico, o clima agradável… uma pintura inédita!

No encontro com os índios, ao invés de conflitos, era como tudo já estivesse preparado espiritualmente! Pero Vaz de Caminha, outro membro da frota, descreve em carta as experiências iniciais com os habitantes, sem que houvesse qualquer sinal de desarmonia: teve cortesias, troca-troca de quinquilharias, e até uma curiosa dança entre portugueses e nativos, a primeira dança de Vera Cruz!

 A realização da Primeira Missa, celebrada por Frei Henrique de Coimbra, assistida por dezenas de nativos, é o grande marco desses dias amistosos. “A qual missa, segundo meu parecer, foi ouvida por todos com muito prazer e devoção”. (Carta Pero Vaz de Caminha, Domínio Público).  Esta carta seguiria em mesma embarcação à de Mestre João rumo ao também D. Manoel I, sendo considerada o primeiro documento relatado do Brasil.

IV – SAINDO DA ROTA

Se achamento predestinado do Brasil transcorreu na mais perfeita ordem, não demorou para que houvesse desvios em sua missão espiritual. A ambição da Coroa portuguesa e os vícios do Velho mundo fizeram presente na cruel dominação dos índios, obrigando-os a serem mão escrava para o comércio de pau-Brasil e, mais adiante, em plantações, como as de cana-de-açúcar no litoral, exterminando tribos inteiras, ceifando culturas; hábitos, dialetos, devoções.

Já sob olhares de outros povos, em 1562 ocorre triste episódio com a captura de Tupinambás, levados como atração exótica para o deleite macabro da corte francesa.

O perverso domínio pela escravidão irá marcar as páginas históricas e espirituais do país nos séculos conseguintes, com o derramamento de sangue africano.  

Afastando-se da missão de ser pátria acolhedora, mãe-de-todas, deixando em solo cicatrizes e dívidas irreversíveis, teria o Brasil pós-abolição desafios cruciais para se manter no centro das responsabilidades espirituais futuras.

E o que o Brasil contemporâneo diz sobre isso?

Que o caminho ainda é longo e desafiador, já que máculas seculares insistem em manchar o seu propósito: ainda somos o país que descrimina e extermina em massa negros e originários! O nome de Deus ainda é proferido para propagar intolerâncias, oprimir minorias, dizimar outros credos… 

V – NÃO DESVIARÁS DO CAMINHO!  

“Se a Grécia e a Roma da Antiguidade tiveram a sua hora, como elementos primordiais das origens de toda a civilização do Ocidente; se o Império português e espanhol se alastraram quase por todo o planeta (…) o Brasil terá também o seu grande momento, no relógio que marca os dias da evolução da Humanidade. Se outros povos atestaram o progresso, o  Brasil terá a sua expressão imortal na vida do Espírito(…) inundando todos os campos das atividades humanas com uma nova luz” (XAVIER, 2019, p.8)

Pátria amada! O novo milênio carrega demandas que são partes de tua missão! Teu povo é o seu espírito, a sua alma: solidária, criativa, apaziguadora, hospitaleira… ALEGRE, CARNAVALESCA! Nele estão as energias transformadoras para os grandes feitos!

Ó Patria Amada! A imagem do Cruzeiro do Sul que resplandece em teu céu, desvendada em teu solo, hoje faz parte da bandeira de teu povo (e que seja sempre e somente de seu povo)! Que os céus iluminem os caminhos em uma só direção, onde escreverás, assim, o último capítulo da história dos Impérios da humanidade: O Império da Paz!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

XAVIER, Francisco Candido. Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. Brasília: FEB, 2019.

A Carta de Pero Vaz de Caminha. Retirada do acervo do Domínio Público.

A Carta de Mestre João. Retirada do acervo do Domínio Público.

Brasil sobre o olhar dos Viajantes, João Carlos Fontoura, 2014.

Author: Lucas Guerra

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